Os humanos de Sima de los Huesos, em Atapuerca (Espanha), eram “indivíduos relativamente altos, largos e musculados”, mas tinham um cérebro mais pequeno que os neandertais ou que o homem moderno, revela um estudo agora publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.

“Alguns (mas não todos) traços de neandertal estão presentes, o que liga filogeneticamente esta população aos neandertais”, referem os autores no artigo. Mostrando assim que “o conjunto completo de características dos neandertais não apareceram todas de uma vez e a evolução do esqueleto pós-cranial [do pescoço para baixo] pode ser definido como tendo seguido um padrão de mosaico”.

O sítio arqueológico de Atapuerca, património da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), tem um dos mais ricos registos dos primeiros humanos na Europa e também um dos mais bem preservados. Desde que teve início a exploração da jazida de Sima de los Huesos, em 2013, que os investigadores desenterraram mais de 6.700 ossos de, pelo menos, 28 indivíduos, de ambos os sexos e várias idades, refere o El País. Só dentes são mais de 500. A ausência de restos dos animais de que se alimentavam estes humanos parece indicar que se trata do local onde se enterravam os mortos, nota o site da UNESCO.

A investigação, que juntou várias instituições espanholas, mas também de França, Estados Unidos e China, analisou mais de 1.500 ossos com cerca de 430 mil anos (não incluindo os ossos do crânio) e verificou que a estatura média dos indivíduos era de 1,63 metros e a massa de 69 quilogramas, não existindo uma grande diferença entre homens e mulheres.

Mas a característica mais impressionante é que os humanos de Sima de los Huesos tinham um cérebro mais pequeno. Esta descoberta pode significar que o aumento do tamanho do cérebro, uma característica importante para a nossa espécies, terá evoluído de forma independente nos neandertais e nos homens modernos.

“Os neandertais eram realmente muito inteligentes, não eram superchimpanzés como se pensava há anos”, disse Ignacio Martínez, coautor do artigo e profesor de paleontologia da Universidade de Alcalá de Henares. “Falavam, adornavam-se e agora sabemos que tiveram encefalização.”

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