O Fundo de Apoio para a reconstrução da ilha cabo-verdiana do Fogo, criado após a erupção vulcânica de novembro a fevereiro passados, tem neste momento 5,2 milhões de euros, informou hoje fonte oficial.

A informação foi avançada pelo presidente do Gabinete de Reconstrução do Fogo, António Nascimento, que acrescentou que aquele valor resulta da ajuda dos parceiros de Cabo Verde, com destaque para a União Europeia, que disponibilizou 3 milhões de euros, e dos próprios cabo-verdianos, que pagam mais 0,5% de IVA para ajudar as pessoas afetadas pela erupção vulcânica.

António Nascimento, que falava à imprensa durante a primeira reunião da Comissão de Aconselhamento do Gabinete de Reconstrução do Fogo, adiantou que apenas 6,7% do valor total foi executado no primeiro trimestre do ano, altura dedicada sobretudo ao levantamento das necessidades e das intervenções que serão realizadas.

O montante servirá para a reabilitação das casas afetadas pela erupção vulcânica de 1995, construção de uma adega, reconstrução de Chã das Caldeiras e apoio às famílias deslocadas com atividades geradoras de rendimento, entre outros fins.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Durante a reunião da Comissão de Aconselhamento do Gabinete de Reconstrução do Fogo, as Nações Unidas apresentaram um relatório de avaliação das necessidades do pós-desastre (PNDA), que indicou que o valor dos efeitos da erupção foi estimado em 24,8 milhões de euros, menos do que os 45 milhões projetados pelo Governo do país.

O estudo, apresentado pelo consultor da ONU António Querido, adiantou que o montante para a recuperação da ilha do Fogo é estimado em 26,8 milhões de euros.

Por outro lado, o documento salienta que continua a ser difícil estimar as consequências psicológicas do desastre na população afetada, e, em particular, os aspetos sociais e culturais do realojamento da comunidade de Chã das Caldeiras.

“Embora a erupção vulcânica tenha revelado algumas vulnerabilidades existentes, a estratégia de recuperação oferece uma oportunidade para fazer face a essas vulnerabilidades através da adoção de uma abordagem de reconstruir melhor como princípio orientador”, prosseguiu.

O estudo, feito pelo Governo de Cabo Verde e parceiros internacionais, considera que isso ajudará a aumentar a resiliência geral da população afetada e a promover o desenvolvimento sustentável.

“A estratégia de recuperação deve atender às necessidades emergentes relacionadas com o acesso a serviços públicos, como saúde e educação e a melhoria das condições de vida das comunidades afetadas”, recomendou.

António Nascimento salientou que o montante restante para a reconstrução da ilha do Fogo (mais de 20 milhões de euros) será mobilizado junto dos parceiros tradicionais de Cabo Verde. “Há um trabalho a ser feito a nível da diplomacia, das Nações Unidas, para mobilização dos recursos”, disse.

A erupção vulcânica na ilha do Fogo aconteceu de 23 de novembro de 2014 a 07 de fevereiro de 2015 (88 dias), tendo, além dos prejuízos materiais, deslocado 994 pessoas que viviam em Chã das Caldeiras, a zona mais próxima do vulcão e a mais afetada.