Em junho, o Museu de Lisboa, em parceria com a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, lançou um desafio aos lisboetas: convidou-os a construir tronos de Santo António. Rui Cunha fotografou-os e a EGEAC, que também esteve envolvida na organização da iniciativa, reuniu-os em livro. Tronos de Santo António foi lançado esta semana.
Do tamanho de caixas de sapatos, decorados com sardinhas feitas de tecido, manjericos feitos de lã ou com castiçais de chumbo, à moda antiga, os pequenos altares encheram as soleiras das portas e as esquinas dos bairros típicos de Lisboa durante todo o mês de junho — o mês de Santo António. Ao todo, foram 66 os tronos construídos por lojistas, associações, escolas e grupos desportivos, que agora podem ser revisitados no novo lançamento da Câmara Municipal de Lisboa.
Para além dos tronos, o livro inclui ainda três introduções escritas por Catarina Vaz Pinto, vereadora da Cultura, Joana Gomes Cardoso, presidente do conselho de administração da EGEAC, e Pedro Teotónio Pereira, coordenador do Museu de Santo António, que ajudam a contextualizar e a compreender melhor uma tradição com quase três séculos de história.
O objetivo, explicou na altura Pedro Teotónio Pereira ao Observador, era reanimar uma tradição que, para muitos, já tinha sido esquecida. A ideia era “retomar as tradições de Lisboa” e “relançar esta ideia dos tronos de Santo António”, disse o coordenador do Museu de Santo António.
“É interessante, porque é uma marca que ficou na cabeça das pessoas e na memória coletiva. Toda a gente conhece os tronos de Santo António — os mais novos e os mais velhos. É uma tradição que se manteve em Lisboa.”
Na apresentação do livro, que decorreu esta terça-feira no Museu de Santo António, Joana Gomes Cardoso frisou exatamente isso — “o objetivo era recuperar uma tradição antiga, valorizar a memória e com ela o cruzamento geracional (idealizamos esta iniciativa para ser algo para avós e netos fazerem em conjunto) e estimular a criatividade”.
“Já fazemos isso há muitos anos com o concurso da sardinha”, disse a presidente do conselho de administração da EGEAC, acrescentando que o concurso dos tronos pretendeu criar “algo que fosse realmente popular”.
Já Catarina Vaz Pinto garantiu que “esta é uma iniciativa que veio para ficar”, frisando que “é muito importante promover este lado da cultura popular”.
Tronos de Santo António pode ser adquirido na loja do Museu de Santo António, em Lisboa. Custa quatro euros.