A força política vencedora perdeu votos em todos os distritos, quando se comparam os resultados das eleições legislativas de 2011. A sul, no Algarve, foi onde a PàF perdeu mais votos. De forma oposta, foi em Braga que a perda foi menos acentuada.
Em relação a 2011, a coligação Portugal à Frente (PàF), que concorreu como coligação apenas no continente, perdeu a maioria absoluta nas eleições legislativas. Mas a variação (negativa) de votos da força política de direita variou conforme os distritos. Foi no Algarve que mais perdeu: menos 18,3 pontos percentuais que em 2011. Por outro lado, no global deste distrito, quem mais ganhou foi o Partido Socialista (PS), que aumentou quase 10 pontos percentuais.
Embora esta quebra da coligação no distrito algarvio tenha sido generalizada, as perdas mais altas registaram-se nos concelhos de Lagoa e de Vila do Bispo, com menos 19,9 pontos percentuais e 19,6, respetivamente. Em sentido contrário, o PS foi o partido com maior aumento nestes concelhos, em relação a 2011: em Lagoa cresceu 9,6 pontos e em Vila do Bispo 11,3.
Portalegre e Setúbal foram os distritos em que, a seguir ao Algarve, a coligação perdeu mais votos. No primeiro sofreu uma quebra de 15 pontos percentuais e em Setúbal de 14,6. Nestes distritos, o PS obteve mais 10 e 7,2 pontos, respetivamente.
Por outro lado, Braga foi o distrito em que a coligação menos perdeu – a quebra ficou-se pelos 4,8 pontos. Aqui, quem mais votos obteve em relação a 2011 foi o Bloco de Esquerda (BE), que somou mais 4,6, ou seja, ganhou quase tanto como a PàF perdeu. Esta tendência reflete-se, também, no concelho bracarense em que a coligação menos sofreu: Fafe, com apenas 2,2% dos votos a menos. Neste concelho, também foi o BE que mais saiu a ganhar, com mais 4,5 pontos percentuais em votos que há quatro anos. Em Fafe, ao contrário da tendência generalizada de subida, o PS também ficou na zona negativa: menos 3,9, uma quebra mais acentuada que a da coligação de direita.
Em comparação com Braga, os dois distritos seguintes em que a PàF menos perdeu registaram quebras relativamente altas: em Vila Real houve menos 9,1 pontos percentuais dos votos, em relação a 2011, e em Aveiro perdeu 9,2.
Desta variação negativa para o lado da coligação Portugal à Frente, quem saiu a ganhar foi o Partido Socialista e Bloco de Esquerda. Em comparação a 2011, o partido liderado por António Costa foi o que mais ganhou em Bragança, Algarve, Portalegre, Coimbra, Santarém, Lisboa, Setúbal, Vila Real, Évora, Beja e Guarda. Já o partido de Catarina Martins foi amealhou mais votos, em relação há quatro anos, nos distritos de Braga, Viseu, Porto, Aveiro, Leiria e Castelo Branco. Em Viana do Castelo, os dois partidos de esquerda obtiveram um aumento igual: 3,6.
O PS só perdeu votos em Braga
O Partido Socialista, num cenário quase totalmente oposto ao da coligação Portugal à Frente, aumentou o número de votos em 17 distritos, comparando com 2011. Só faltou Braga, onde perdeu 2 pontos percentuais em relação aos votos obtidos há quatro anos. Braga tem a fama de acertar no resultado das eleições. Por exemplo, em 2011, a nível nacional, ganhou o PSD, um dos partidos da coligação, e também em Braga ganhou o PSD. Nas legislativas anteriores, as de 2009, o PS ganhou em Braga. E também ganhou a nível nacional. No distrito, mesmo tendo perdido votos em relação a 2011, a força política mais expressiva nestas legislativas foi a PàF. Contrariamente, o partido que mais aumentou o número de votos neste distrito do Norte, em 2015, foi o Bloco de Esquerda, com mais 4,6 pontos.
Por outro lado, onde o Partido Socialista aumentou os seus votos de forma mais expressiva foi no círculo eleitoral mais pequeno do continente: Portalegre, distrito em que ganhou 10 pontos percentuais em relação a 2011. E as freguesias portalegrenses onde essa expressão do PS ficou mais consolidada foram Alter do Chão, com mais 13,2 pontos percentuais, e Crato, com mais 12,8. Nestas duas freguesias a Pàf perdeu 17 e 13,7 pontos percentuais.
Algarve (9,8 pontos) e Bragança (8 pontos percentuais) foram os outros dois distritos em que o PS mais conseguiu aumentar os votos, comparativamente a 2011.
Pode consultar estes e outros dados sobre a variação de votos por partido nos nossos gráficos interativos AQUI.
Ilustração: Milton Cappelletti
*Editado por Helena Pereira