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Costistas preocupados com a 'pasokização' do PS

Este artigo tem mais de 5 anos

Porfírio Silva e Manuel Alegre alertam que se o PS for responsável pela continuação deste governo, correrá o risco de ser comido pelos partidos da extrema-esquerda, à semelhança do caso grego.

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Nuno Pinto Fernandes/Global Imagens

Nuno Pinto Fernandes/Global Imagens

Os principais conselheiros de António Costa estão preocupados com o risco de ‘pasokização’ do PS, ou seja, de o partido, ao aceitar negociar com a direita, deixar mais espaço aberto aos partidos da extrema-esquerda. Na Grécia, o seu partido homólogo, o Pasok, que chegou a estar vários anos no poder, ganhou as eleições de 2009 com 43,9% e em janeiro deste ano já só valia 4,7%.

Num artigo intitulado, “E agora, esquerda?” publicado no seu blogue, Porfírio Silva, membro do secretariado de António Costa, alerta para que “se o PS for dolosamente responsável pela continuação deste governo, o prognóstico é duro mas é claro: o PS vai ‘pasokar‘”.

“Seremos reduzidos à insignificância dos partidos que se separam dos seus eleitores e que, enredando-se em justificações mais ou menos artificiosas para tentar esconder a sua deslealdade aos que prometeram representar, são descartados como inúteis. A nossa única glória será linguística: introduzir na língua portuguesa um novo verbo: pasokar”, sustenta, explicando que “uma forma clássica de matar um partido é permitir que ele deixe de representar aqueles que prometeu representar”.

Também Manuel Alegre já veio alertar para a “pasokização” do PS. “O risco de pasokização está no centrão”, defendeu, em entrevista ao DN, na terça-feira, considerando que a “divisão das esquerdas é a força da direita”. “É preciso evitar uma competição de radicalidade em que, mais do que derrubar o Governo de direita, se pretende entalar o PS”, argumentou.

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Ora, a dúvida no PS neste momento é essa. Dar a mão à esquerda e responder ao reiterado desafio do BE de segunda-feira? Ou negociar com o PSD/CDS, como pretende Cavaco Silva?

Esta quarta-feira, o PS anunciou que vai reunir ainda hoje com o PCP e na quinta com o BE, depois de ter saído da reunião da comissão política de terça à noite um comunicado precisamente a sublinhar que “o PS considera indispensável a clarificação das posições publicamente assumidas pelo PCP e pelo BE sobre a existência de condições para a formação de um novo governo com suporte parlamentar maioritário”.

Porfírio Silva considera que só há “uma forma” de, no fundo, o PS conseguir fazer a quadratura do círculo. “Não vamos deixar o Bloco e o PCP a fazerem de conta que querem apoiar um governo do PS se apenas estiveram a carregar munições para a sua retórica futura, vamos verificar o que eles querem efetivamente dizer e fazer, vamos testar aquilo a que estão dispostos. E digo: vamos fazer esse teste publicamente. O meu entendimento é que o PS deve promover reuniões formais, ao mais alto nível, com o propósito declarado de verificar as condições de um governo liderado pelo PS em que o PCP e o Bloco assumam as responsabilidades a que até hoje fugiram”, defende.

“Os novos papões que se querem impor ao PS”, escreve Ascenso Simões

Ascenso Simões, cabeça de lista do PS por Vila Real nestas eleições, já veio a terreiro desvalorizar o risco de “pasokização” do partido, denunciado por vários conselheiros de António Costa. “O papão do desaparecimento só existe na cabeça dos pessimistas. Um partido com 150 câmaras e com forte presença na UGT e na CGTP não está a caminho do desaparecimento”, escreve o ex-diretor da campanha socialista num texto publicado no Facebook.

O socialista reconhece que parecem existir “duas linhas em concorrência” dentro do partido – “os que são contra a ‘pasokizacao’ do PS e os que são contra a ‘syrizacao’ -, e, por isso, faz questão de lembrar que “Portugal não é a Grécia, o PS não é o PASOK, o BE não é o Syriza austeritário e eurointegrado de hoje, apesar de primos cada vez mais distantes. Mas tanto na Grécia como em Portugal existe sempre um Partido Comunista que parece não querer contar para o jogo”.

A terminar, e depois de ter lembrado as diferenças históricas entre PS e PCP, Ascenso Simões faz as contas para provar que, somados, BE e CDU não têm mais votos do que em 2009. “[Por isso], por muito que nos façam acreditar que há uma nova realidade eleitoral ela é contrariada pelo mesmo número de votos somados do PCP e BE”.

*Os novos papões que se querem impor ao PS |Atravessar a timeline tem sido muito interessante. Parece haver duas...

Posted by Ascenso Luís Simões on Quarta-feira, 7 de Outubro de 2015

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