Durão Barroso defende que “seria muito negativo” para a confiança externa em Portugal se o Partido Socialista vier a formar governo com o apoio do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista. Primeiro porque “toda a gente sabe” que os eleitores socialistas “não votaram no PS para um governo com PCP e BE” e, em segundo, porque apesar de a política portuguesa necessitar de “compromisso”, este não deve ser “só um compromisso para ir para o poder. Isso não é correto“, diz o antigo primeiro-ministro português e ex-presidente da Comissão Europeia.
Em entrevista publicada esta terça-feira pelo Diário Económico, Durão Barroso diz que espera que “coligação e PS encontrem pontos para chegar a acordo“. “Portugal tem obrigações, que foram assumidas pelo Estado português, e tem de respeitá-las. Caso contrário, haverá custos para o país”, avisa Durão Barroso, sublinhando que “a questão é se aqueles que vierem a estar à frente do governo têm credibilidade para manter esses compromissos“.
Durão Barroso reconhece que “as diferentes forças políticas devem trabalhar para o compromisso, mas compromisso na base de certos princípios”. “Não é só compromisso para ir para o poder. Isso não é correto”.
Por outras palavras, Barroso defende que “as pessoas têm de trabalhar para o compromisso na base de alguns princípios, que foi aqueles que subscreveram”. O ex-primeiro-ministro quer dizer com isto, no fundo, que “a menos que tenha havido uma conversão súbita de todos aqueles que até ontem eram contra a União Europeia, contra o Tratado Orçamental”, um governo que fosse constituído por “forças anti-europeístas e anti-Tratado Orçamental seria muito negativo do ponto de vista da confiança no nosso país”.
Barroso recorda que “saímos da crise, ultrapassámos a fase mais difícil, mas nada é irreversível“.