Onde é a farmácia mais próxima? Como faço para ir a este museu? Que restaurante me aconselha para jantar? As perguntas cruzam geografias. Quem é que nunca esteve de férias e precisou de recorrer à receção do hotel para recolher este tipo de informações? Euclides Major, 30 anos, está habituado a trabalhar em ambientes turísticos. Sabia que as dúvidas dos turistas são sempre muitas. Sabia que quase todos andam com um smartphone. Daí a lançar a GuestU foi um passo.

“Trabalhamos muito com turistas e percebemos que eles trazem cada vez mais smartphones e os [estabelecimentos] hoteleiros não oferecem qualquer tipo de solução mobile para estes serviços de concierge”, explica Euclides Major, presidente da GuestU, ao Observador.

Euclides Major não está sozinho. Há sete anos que anda a desenvolver negócios no setor do turismo com João Mendes, Ricardo Villares e Leonel Soares. Quando perceberam que havia mais uma oportunidade de negócio, agarraram-na. Foram ver o que se passava noutros países, como os Estados Unidos e Reino Unido, e descobriram que não havia hotéis com aplicações móveis desenhadas para responder às necessidades dos consumidores. Voilà!

Em junho de 2014, construíram uma primeira versão da GuestU, uma app que funciona como uma “marca branca”, ou seja, é previamente desenhada com um formato padronizado, mas personalizável pelo cliente que a adquire, neste caso, pelos estabelecimentos hoteleiros. Hoje, a app foi vendida a mais de 250 hotéis em 28 países, na Europa, África e América Latina.

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“Temos mais de mil pontos de interesse para o turista que aparecem georreferenciados e são personalizáveis de acordo com cada pessoa. Por exemplo, quem estiver numa viagem de negócios num hotel de cinco estrelas, vai receber sugestões de pontos de interesse, como restaurantes, diferentes daqueles que vai receber alguém que está alojado num hostel”, explica Euclides.

Além das informações e pontos de interesse, as aplicações móveis dos hotéis também têm rotas turísticas pré-definidas por GPS. Ou seja, o turista que estiver num hotel que utiliza o software da GuestU na sua app, pode aceder gratuitamente a percursos turísticos na cidade onde se encontra.

Nova Iorque e Califórnia com 20 apps GuestU

Em julho de 2014, a GuestU conseguiu um financiamento da Portugal Ventures no valor de 600 mil euros. Mas, no início do próximo ano, vão começar a tratar de uma nova ronda de investimento junto de investidores internacionais. Num ano, a startup empregou 35 pessoas, mas os objetivos para 2016 passam por aumentar a equipa para 50 pessoas.

Em Portugal, há cerca de 110 hotéis que utilizam a app da GuestU e nos EUA são cerca de 20, sobretudo em Nova Iorque e Califórnia. E cerca de 50% das receitas da startup provêm do estrangeiro.

Euclides Major lançou a primeira empresa aos 23 anos. Se mora em Lisboa, deve estar familiarizado com os GoCar, uns carrinhos amarelos para duas pessoas que são utilizados para visitas turísticas. Foi ele quem os viu em São Francisco, nos Estados Unidos, e trouxe para Lisboa. Ele e três amigos, os mesmos que hoje lideram a GuestU.

A vontade de lançar um negócio próprio fez com que se despedisse da consultora em que trabalhava em Londres e viesse para Portugal. “Queria começar a ter algum impacto nas decisões e a tentar fazer algo de inovador em Portugal”, conta ao Observador. A empresa que lançou cresceu e adquiriu mais formas de animação turística como o Lisbon By Segway ou o Global Tuk Tuk. Em 2012, lançaram outro negócio, desta vez na área dos cupões de descontos, o MyGon. Dois anos depois, a GuestU.

*Tive uma ideia! é uma rubrica do Observador destinada a novos negócios com ADN português.