O realizador norte-americano Quentin Tarantino, autor de filmes como “Django Libertado” e “Pulp Fiction”, esteve esta quarta-feira no programa “All In with Chris Hayes”, da estação televisiva MSNBC, reagindo às críticas de que tem sido alvo pela polícia norte-americana. Tarantino reafirmou que não odeia a polícia, e disse:
Tinha a impressão que era um americano, que tinha os direitos inerentes à Primeira Emenda, e que não havia problema em ir a um protesto contra a violência policial e a dar a minha opinião [sobre o assunto].
Quentin Tarantino afirmou ainda que estar numa manifestação contra a violência policial “não significa que seja contra a polícia [no geral]” e que “todos os que percebem que há um problema atual nas forças de autoridade deste país são considerados parte do problema – sejam essas pessoas eu, o [mayor de Nova Iorque] Bill de Blasio ou o presidente Barack Obama”.
O realizador está envolvido numa polémica com a polícia norte-americana, que começou em outubro, quando participou numa manifestação em Nova Iorque, onde chamou assassinos a agentes das forças da autoridade. “Quando vejo assassinos, não fico do lado deles… Tenho de chamar assassino a um assassino, e tenho que chamar assassinos aos assassinos”, disse.
A partir daí os ataques chegaram de vários lados. O mote foi dado por Patrick Lynch, o presidente da Associação Benévola dos Polícias, que a 25 de outubro afirmou:
Os polícias a que Quentin Tarantino chama “assassinos” não estão a viver numa das suas fantasias depravadas do grande ecrã – estão-se a colocar em risco e às vezes a sacrificar as suas vidas para proteger as comunidades dos verdadeiros crimes e do caos. (…) É altura de boicotar[mos] os filmes do Quentin Tarantino.
O boicote tem sido controverso dentro da polícia. Algumas organizações, como o Sindicato da Polícia de Los Angeles e a Philadelphia Fraternal Order of Police Lodge 5, concordam e encorajam os polícias a não irem ver o seu novo filme, “The hateful eight”, que chega aos cinemas nos próximos meses. Mas há polícias que discordam e acham que a decisão de ir ver o novo filme de Tarantino deve ser de cada um.
Perante as críticas, o realizador norte-americano tem-se recusado a pedir desculpa pelas suas afirmações anteriores. Na sua primeira resposta à polémica, dada ao Los Angeles Times na passada terça-feira, Quentin Tarantino recusava ter sugerido que todos os polícias fossem assassinos – “nunca disse isso” – e criticou ainda a reação aos seus comentários.
“Em vez de lidarem com os incidentes de violência policial que estas pessoas [os manifestantes] estavam a trazer à tona, em vez de examinarem o problema da violência policial no nosso país, preferem excluir-me. E a mensagem deles é muito clara: é a de me rejeitarem. É a de me desacreditarem. É a de me intimidarem. É a de me calarem e, mais importante que isso, é a de mandarem uma mensagem para todas as pessoas que possam querer alinhar por este lado da discussão [o das críticas aos casos de violência policial]”.