A Arábia Saudita não tem quaisquer planos no horizonte para reduzir as quotas de produção e estimular os preços do petróleo, que afundaram há um ano quando a OPEP decidiu manter as quotas de produção inalteradas apesar de se prever menor procura global. A economia saudita está a sentir os efeitos negativos do petróleo barato mas, ao contrário de outros membros da OPEP, o país tem reservas que lhe permitem, por sinal, aguentar mais algum tempo. Quem fica em maus lençóis são os novos produtores de petróleo, sobretudo norte-americanos.
Há algumas semanas, mostrámos-lhe o gráfico que mostra que a OPEP está a vencer. A tendência deverá continuar a ser a mesma, de queda dos preços e descida da produção norte-americana, a julgar por declarações de sauditas ao Financial Times. “A única coisa a fazer agora é deixar o mercado fazer o seu trabalho“, afirmou Khalid al-Falih, presidente da petrolífera estatal Saudi Aramco. “Não tem havido quaisquer conversações dizendo que devíamos cortar, agora, a produção porque estamos a sentir as dificuldades”, acrescentou.
A próxima reunião da OPEP está agendada para 4 de dezembro, em Viena. A reunião acontece pouco mais de um ano depois de a OPEP ter decidido manter as quotas de produção inalteradas mesmo com a perspetiva de menor procura por parte dos EUA e da China. Os preços chegaram a negociar na casa dos 115 dólares por barril no ano passado, agora o preço está abaixo dos 50 dólares.
Ficou claro na mente de todos, nessa altura, que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), liderada pela Arábia Saudita, entrara numa “guerra de preços” que tinha como principal objetivo dificultar a vida dos produtores norte-americanos que precisam de um preço mais elevado para que os seus investimentos sejam viáveis.
Os responsáveis em Riade têm dito que dentro de um ou dois anos a estratégia dará bons frutos, assim que o equilíbrio entre procura e oferta pender um pouco mais para o lado da procura. Aí, os preços deverão recuperar, acredita a Arábia Saudita.
Os stocks norte-americanos de crude continuam em alta, mas este gráfico indica que a produção diária está a cair, o que indica que pode estar a começar a haver desistências (leia-se, falências) de alguns novos produtores norte-americanos. A razão por que o preço baixo penaliza estes novos produtores é que os seus custos de exploração são muito mais elevados e a maioria destas empresas endividou-se de forma significativa para construir a infraestrutura necessária para a extração através do método da fraturação hidráulica (fracking).