A bolsa de Lisboa negociou novamente em baixa, pela quarta sessão consecutiva, num dia decisivo para a clarificação política em Portugal. O índice PSI 20 abriu com perdas relevantes, que chegaram a 2%, em contraciclo com a recuperação vivida na generalidade das praças europeias, suportadas pela expectativa de mais estímulos económicos na China
Mas no final da sessão, o índice das principais empresas limitou as perdas e caiu 0,33%, depois do trambolhão de 4,05% verificado na segunda-feira. Oito das principais empresas cotadas fecharam mesmo a valorizar. Uma das ações que recuperou foi o BPI. A banca voltou contudo a estar no centro das preocupações dos investidores, com o Banif a recuar mais 4% e o BCP a perder 1,47%.
Outra ação que acumula perdas importantes esta semana é a Mota-Engil, a empresa de construção que ganhou a privatização da EGF (Empresa Geral de Fomento) que o programa de governo socialista quer reverter.
Os juros da dívida pública começaram o dia inalterados, não acompanhando a melhoria notória em Espanha e Itália. E o spread face à Alemanha estava a subir de manhã.
Os valores exigidos pelos investidores nas obrigações a dez anos chegaram a ultrapassar o fecho de segunda-feira, mas no final da tarde, as taxas de juros no mercado secundário acabaram por baixar para 2,773%.
Pressão sobre Portugal no mercado de dívida
Este gráfico compara os juros de Portugal e Espanha (a 10 anos) desde o final de setembro, em base 100. Mostra que os juros de Espanha (linha amarela) estão perto de onde estavam no final do mês passado – tendo oscilado nas últimas semanas ao sabor das expectativas de aumento dos estímulos do BCE.
Já as taxas de Portugal (linha branca) dilataram-se em quase um quinto (118 em base 100), apesar de o BCE estar no mercado a comprar dezenas de milhares de milhões de euros em dívida dos países da zona euro.
O spread face à Alemanha – indicador de risco mais decisivo do que a taxa de juro absoluta – está a subir para os 218 pontos. Este agravamento do risco da dívida pública para o nível mais elevado dos últimos quatro meses (altura do pico da crise da Grécia), acontece apesar de se saber que o BCE está no mercado a comprar obrigações do Tesouro dos países da zona euro.