Há riscos negativos para a economia europeia que são “claramente visíveis“. O diagnóstico não podia vir de uma figura mais influente: Mario Draghi, o presidente do Banco Central Europeu (BCE). Num discurso perante eurodeputados em Bruxelas, o responsável admite que o programa de compra de ativos poderá prolongar-se além de setembro de 2016, se for necessário para garantir que a inflação acelera para mais próxima do objetivo do banco central.
As palavras de Mario Draghi estão a ser suficientes para dar uma tendência clara de descida dos juros da dívida na zona euro. Perante a perspetiva de um reforço das compras de ativos por parte do BCE, os investidores estão a ajustar os preços das obrigações do Tesouro e também na cotação do euro, que está a cair face ao dólar. Draghi diz que em dezembro os estímulos monetários serão reexaminados.
Já as bolsas europeias estão a ressentir-se do diagnóstico pouco animador das perspetivas económicas feito por Mario Draghi. Draghi afirmou que a retoma está a “progredir de forma moderada” mas as dinâmicas da inflação “enfraqueceram um pouco“.
“Se os riscos negativos se materializarem, o quantitative easing será revisitado”, adianta Mario Draghi, numa referência ao programa de compra de títulos de dívida pública e privada com o intuito de estimular a inflação. Pode ler mais aqui sobre este programa de estímulos, anunciado em final de janeiro e iniciado em março.
Garantia europeia nos depósitos bancários até 2024
Mario Draghi comentou, também, os planos de criar um sistema de garantia de depósitos comum na zona euro. “O plano está acordado, pelo que deve ser concretizado”, afirmou Draghi, citado pela Bloomberg.
Segundo o Financial Times, Bruxelas está a desenhar planos para substituir os atuais sistemas nacionais de garantia de depósitos por uma plataforma europeia, que ajude a evitar situações de fragilidade nos bancos de um dado país. 2024 é a data de referência que está na mente da Comissão Europeia.
Essa perna da União Bancária tem, contudo, enfrentado a oposição de responsáveis como os do governo alemão.