Especialistas das Nações Unidas (ONU) em Direitos Humanos sobre meio ambiente e resíduos tóxicos afirmaram esta quarta-feira que as medidas do Governo brasileiro e das empresas mineradoras responsáveis pela barragem que se rompeu em Minas Gerais foram “claramente insuficientes”.

Duas barragens da empresa Samarco romperam-se na cidade de Mariana no passado dia 5, e a lama com resíduos da exploração de minério de ferro invadiu a localidade de Bento Rodrigues, destruindo casas e provocando mais de 20 mortos e desaparecidos.

A lama com os resíduos invadiu o rio Doce e chegou também a outras cidades de Minas Gerais e ao Estado do Espírito Santo, onde desaguou no mar e deixou um rastro de destruição, com a morte de peixes e afetando o abastecimento de água.

Os relatores especiais da ONU sobre direitos humanos John Knox, especialista em meio ambiente, e Baskut Tuncak, em substâncias perigosas, pediram que o Governo brasileiro e as empresas participadas da Samarco, a Vale e a BHP Biliton, adotem medidas para proteger o meio ambiente e as comunidades em risco de exposição aos resíduos tóxicos.

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“Não é aceitável que tenha demorado três semanas para que informações sobre os riscos tóxicos da catástrofe da mina tenham vindo à tona”, afirmaram os especialistas, em comunicado divulgado hoje pela ONU.

Os relatores disseram também que a rutura das barragens lançou no rio Doce 50 milhões de toneladas de resíduos de minério de ferro, com altos níveis de metais e produtos químicos tóxicos, e questionaram se as leis do Brasil são consistentes com os padrões internacionais de direitos humanos.

“Este desastre serve como mais um exemplo trágico do fracasso das empresas em conduzir adequadamente as diligências necessárias para prevenir violações de direitos humanos”, disseram.