No Carnaval, já diz o ditado, ninguém leva a mal. Mas no Natal, não é bem assim. E a prova disso é que a empresa Coca-Cola foi alvo de severas criticas no México, nos últimos dias, precisamente por causa de uma campanha natalícia. As vozes que se levantaram foram tantas que a companhia pediu desculpas e acabou por retirar o vídeo da internet.
No anúncio, posto a circular a 26 de novembro, um grupo de jovens brancos, muito divertidos, vão à comunidade indígena de Totontepec, no estado de Oaxaca, no México, construir uma árvores de Natal com tampas de Coca-Cola e partilham garrafas desta bebida com os indígenas presentes. O anúncio começava por alertar para o facto de 81,6% dos indígenas mexicanos estarem insatisfeitos por terem de falar outra língua, o castelhano. E, no final, a árvore ilumina-se e lá se pode ler a mensagem “permaneçamos unidos”, num dialeto local.
https://www.youtube.com/watch?v=BoQqfycd23c
Mas afinal o que causou tanta polémica? É que o México tem das mais altas taxas de obesidade e diabetes do mundo, em especial entre os povos indígenas, e vários grupos não-governamentais condenaram o anúncio por incentivar ao consumo desta bebida, acusando a Coca-Cola de se “aproveitar” da comunidade e de promover a discriminação e reforçar estereótipos.
A organização não governamental Aliança para a Saúde Alimentar acusou a empresa por atacar a dignidade dos indígenas, naquele anúncio, e contribuir para a deterioração da saúde deles.
Entretanto a Coca-Cola México emitiu um comunicado a pedir desculpa “a quem se tenha sentido ofendido”, dizendo que em 90 anos sempre trabalhou para “partilhar mensagens de unidade e amizade, contribuindo para uma sociedade livre de preconceito”.
“Como parte da campanha de Natal este ano lançou-se este vídeo com a intenção de deixar uma mensagem de união entre as comunidades”, explicou Diego Bracamontes, diretor de publicidade da empresa no México. “Nunca se procurou ofender nem subestimar ninguém com este vídeo, pelo que não o voltaremos a tornar público.”
“Lamentamos que a mensagem tenha sido mal interpretada”, rematou o diretor de publicidade, numa justificação que chegou quase dois dias depois de a campanha ter sido retirada do canal oficial da Coca-Cola no Youtube.