O presidente demissionário da FIFA, Joseph Blatter, suspenso por 90 dias pelo Comité de Ética, disse nesta terça-feira que não é o contabilista do organismo, respondendo às suspeitas de que tinha conhecimento de subornos a antigos membros do organismo.

Numa entrevista ao canal público alemão ARD, Blatter comentou a notícia difundida pela BBC de que estaria a ser investigado pelas autoridades norte-americanas porque sabia de subornos de cerca de 100 milhões de dólares (92 milhões de euros) a antigos responsáveis da FIFA. “Não sou o contabilista da FIFA. O contabilista do organismo devia dizer qualquer coisa. Não me podem censurar se não tenho qualquer envolvimento com o caso”, frisou Blatter, considerando que “abusaram” da sua confiança.

Blatter disse ainda que o seu “maior arrependimento” foi não se ter retirado após o Mundial de 2014, no Brasil, como lhe tinham sugerido, “principalmente a família”, e ter atendido aos pedidos de “cinco ou seis confederações”. Segundo a investigação da BBC, divulgada no domingo, a empresa de ‘marketing’ desportivo ISL terá pagado um total de 100 milhões de dólares a membros da FIFA, incluindo ao ex-presidente João Havelange e ao antigo executivo Ricardo Teixeira, tendo obtido em troca os direitos televisivos e de ‘marketing’ durante os anos 1990.

A emissora adiantou ter tido acesso a uma carta obtida pelo FBI que levanta dúvidas relativamente ao desconhecimento de Blatter sobre o caso. A carta refere-se aos pagamentos do ISL e alegadamente foi escrita por Havelange, que nota que Blatter tinha “pleno conhecimento de todas as atividades” e que era “sempre informado” delas.

Blatter foi o ‘número dois’ de Havelange antes de assumir a presidência da FIFA, em 1998. As eleições na FIFA estão agendadas para 26 de fevereiro.

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