Óbidos e Idanha-a-Nova integram a lista das 47 cidades criativas divulgada esta sexta-feira, em Paris, pela UNESCO. A rede de cidades tem como objetivo promover o desenvolvimento social, económico e cultural, tendo como base as indústrias criativas. As duas vilas foram distinguidas pela organização nas categorias de “vila literária” e “vila da música”, respetivamente.
Em declarações à RTP, Humberto Marques, presidente da Câmara Municipal de Óbidos, disse sentir uma “enorme alegria” e que “esta chancela veio reconhecer Óbidos como uma cidade criativa na literatura”. “Reconhecemos a enorme responsabilidade que é ter um título e um sela com esta importância”
Humberto Marques salientou que a distinção é frito de uma estratégia que tem vindo a ser desenvolvida pelo município há já vários anos. “Acreditamos que os setores de atividade económica podem desenvolver-se se acreditarem na criatividade e inovarem”, referiu.
Na quinta-feira, o presidente da câmara admitiu à Agência Lusa que estava confiante de que a candidatura da vila, que assentou no projeto “Vila Literária”, teria um desfecho positivo. “Ainda no início do mês falei com a gestora de candidaturas. Confirmei que não nos foi pedido que retirássemos a candidatura nem [que prestássemos] qualquer esclarecimento, o que, conhecendo a forma de trabalhar da UNESCO, nos pareceu um bom sinal”, disse Humberto Marques.
“O facto de termos uma estratégia de inovação e criatividade muito centrada na literatura e de ter uma rede de livrarias no centro histórico, foi um dos sustentáculos da candidatura”, referiu o presidente da Câmara Municipal de Óbidos.
O projeto “Vila Literária” tem vindo a ser desenvolvido desde 2011 pela Câmara Municipal de Óbidos, em parceria com José Pinho, da editora Ler Devagar. Este resultou na criação de mais de uma dezena de livrarias em “lugares improváveis”, como uma antiga adega e uma escola primária desativada, e em dois dos museus da vila.
Um outro aspeto referido na candidatura foi a realização do Folio — Festival Literário Internacional de Óbidos, que decorreu na vila entre os dias 15 e 26 de outubro. Porém, “os impactos da sua realização, movimentando centenas de autores e atraindo cerca de 30 mil pessoas, não terão peso no processo, que já tinha sido entregue à UNESCO anteriormente”, lembrou o presidente.
A candidatura de Idanha-a-Nova à rede a “cidade da música” foi submetida formalmente à UNESCO no passado mês de julho e foi a primeira do género a ser avançada por uma localidade portuguesa. Em comunicado, a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova admitiu que “a classificação agora atribuída significa o reconhecimento internacional do património musical” da vila, um “elemento identitário e um dos principais pilares do seu desenvolvimento económico e coesão social”.
Uma dos pilares da candidatura da vila do distrito de Castelo Branco foi o Fora do Lugar — Festival Internacional de Músicas Antigas, que está neste momento a decorrer. O festival, uma parceria entre a produtora e o Município de Idanha-a-Nova, termina este sábado, dia 12 de dezembro, com um concerto do tenor italiano Marco Beasley, na antiga Sé Catedral.
Artigo atualizado às 17h18 com o comunicado emitido pela Câmara Municipal de Idanha-a-Nova