A Coreia do Sul e o Japão alcançaram esta segunda-feira um acordo sobre o delicado assunto das escravas sexuais coreanas da II Guerra Mundial, revelou o ministro dos Negócios Estrangeiros sul-coreano.
O acordo vai ser “final e irreversível” se o Japão cumprir as suas responsabilidades, afirmou o chefe da diplomacia da Coreia do Sul, Yun Byung-Se, em declarações aos jornalistas, após conversações com o seu homólogo japonês, Fumio Kishida.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul e do Japão reuniram-se esta segunda-feira, pelas 14h00 (05h00 em Lisboa), em Seul, para tratar da delicada questão das mulheres coreanas obrigadas a prostituírem-se pelo exército nipónico durante a ocupação japonesa (1910-1945).
Ou seja, foi assim anunciado um acordo histórico em relação a estas “mulheres de conforto” (termo utilizado para descrever as mulheres utilizadas como escravas sexuais pelo exército japonês antes e durante a II Guerra Mundial), com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, a aprovar o pagamento de cerca de 7,6 milhões de euros a um fundo destinado a compensar as vítimas.
Desta maneira, os governos do Japão e da Coreia do Sul concordaram em que esta medida é a solução final e “irreversível” para um assunto que tem dividido as duas nações ao longo de décadas. Em Seul, o Ministro dos Negócios Estrangeiros nipónico, Fumio Kishida, afirmou que o “primeiro-ministro Abe expressa de novo o seu mais sincero pedido de desculpas a todas as mulheres que se submeteram a dolorosas e imensuráveis experiências e sofreram, enquanto mulheres de conforto, ferimentos psicológicos e físicos incuráveis”, citou a Bloomberg.
“O problema das mulheres de conforto, com o envolvimento das autoridades militares japonesas na altura, foi uma afronta grave para a honra e a dignidade de um grande número de mulheres, e o Governo do Japão está dolorosamente consciente das responsabilidades desta perspetiva”, concluiu Kishida.
Como refere a Bloomberg, a resolução da maior fonte de tensão entre os dois países oferece a ambos os líderes um importante impulso político numa altura em que começam os preparativos para as eleições legislativas do próximo ano e abre caminho a um revigoramento das trocas comerciais que decaíram nos anos recentes. O acordo é também visto com bons olhos nos Estados Unidos, visto que o país tem, neste momento, 75 mil tropas estacionadas nos dois aliados enquanto estes enfrentam o crescimento da China e a ameaça vinda da Coreia do Norte.
Apesar de também ter sido decidido que os dois países vão evitar críticas em relação ao assunto no panorama internacional, a presidente coreana, Park Geun-Hye, e Abe vão reunir-se esta segunda-feira para debater o acordo, anunciou o gabinete de Park em comunicado.
Estima-se que cerca de 200.000 mulheres — chamadas ‘mulheres de conforto’ — tenham sido forçadas a prestar serviços sexuais a membros das tropas nipónicas, a maioria delas na China e na península coreana, entre os anos 30 do século passado e o final da II Guerra Mundial, em 1945.