Esta foi uma semana especial para a família real inglesa: o príncipe George de Cambridge foi para a escola pela primeira vez. E vai aprender com o mesmo sistema com que os CEO de grandes empresas interiorizaram o bê-á-bá: o método de Montessori, criado por uma pedagoga, antropóloga e filósofa italiana que batizou esta forma de aprendizagem de “Pedagogia Científica”.
Maria Montessori (1870 – 1952) afirmava que o essencial da aprendizagem escolar seria “libertar a verdadeira natureza do indivíduo”, porque permitiria compreender melhor as crianças e, por consequência, adaptar os métodos de aprendizagem ao estudante. Assim ela tornar-se-ia mais eficaz e menos morosa, porque não a obrigava a moldar-se a um método que poderia não lhe ser favorável.
Essa adaptação acontece de acordo, por exemplo, com a faixa etária do aluno: em cada idade existem “períodos sensíveis” (também chamados de “janelas de oportunidades”), isto é, potencialidades e capacidades mais propícias a serem exploradas e outras que serão menos fáceis de trabalhar. Apesar de Maria Montessori ter assumido com o seu método que cada indivíduo deve aprender a um ritmo próprio, explica a Sociedade Americana de Montessori, a pedagoga também encontrou alguns traços mais comuns a cada faixa etária. Foi com base nessas observações que Montessori estabeleceu seis “pilares educacionais”:
- Autoeducação: as crianças têm uma tendência inata para aprender à medida que interagem com o ambiente que as rodeiam. O método de Montessori procura aproveitar esse mecanismo para que a criança apreenda a matéria de livre vontade.
- Educação cósmica: quem ensina as crianças deve esforçar-se para que todas as informações a transmitir estejam encadeadas, organizadas de modo lógico para elas. Isto trará outra vantagem: os estudantes vão concluir que o mundo tem uma ordem que deve ser respeitada e erguida pelo ser humano.
- Educação como Ciência: as observações que Montessori realizava dos comportamentos e da evolução dos alunos seriam todas baseadas num método científico e num regime que evitasse discrepâncias que pudessem afetar a boa avaliação da eficácia dos estudantes.
- Ambiente preparado: é importante que o espaço de aprendizagem esteja adaptado às exigências físicas e psicológicas das crianças. Isto significa que a mobília deve ser proporcional ao tamanho delas e que haja tempo e material para que os estudantes possam tomar iniciativa para aprender.
- Adulto preparado: o adulto preparado corresponde não só ao professor como a todos os que estiverem envolvidos na educação da criança no local escolar (lares montessorianos). Esse adulto deve conhecer bem as fases de desenvolvimento da criança e ter conhecimento sobre os traços que a ciência reconheceu em cada fase da vida do estudante.
- Criança equilibrada: uma criança equilibrada é toda aquela cujas características correspondam à norma para a faixa etária em que se encontra. Como é que se identifica a situação de uma criança? Montessori acreditava que um estudante que “ame o silêncio, o trabalho e a ordem” está no percurso natural de aprendizagem.
Cada turma montessoriana é composta por alunos de idades diferentes para permitir que todos os membros do grupo aprendam com os colegas: os mais novos comunicam com novas ideias através dos mais velhos e estes reforçam os conhecimentos quando os comunicam aos mais novos. Essa aprendizagem é adaptada pelo estudante pelo facto de os conteúdos e atividades ser escolhida pelo próprio, dentro de um guia fornecido pelo professor. É por isto que Maria Montessori insistia na “aprendizagem em triângulo”, em que cada vértice correspondia ao estudante, ao professor e ao ambiente adaptado; e onde era garantida a liberdade (nunca a libertinagem, sublinha a pedagoga), a independência e o gosto pela ordem.
Apesar do método de Montessori ser mais aplicado em algumas escolas primárias em todo o mundo, também existem escolas básicas a adaptar estes princípios para estudantes mais velhos. E também podem ser aplicados em lares de idosos, em escolas de ensino especial e em instituições de psicopedagogia.