A autoestima é um fator fundamental no desenvolvimento saudável dos alunos, afetando diretamente a sua motivação, confiança e desempenho académico. Assim, os professores, para que possam desempenhar um papel crucial, devem utilizar uma pedagogia adequada para incentivar e elevar a autoestima dos estudantes. É, por essa razão, essencial que, ao avaliarem os estudantes, consigam ir para além dos números e da matemática que constam nas matrizes e valorizem os alunos, humanizando a avaliação.

Se somos críticos com a intenção do Governo de permitir que licenciados deem aulas sem que tenham estudado pedagogia, temos de todos os dias demonstrar, com atitudes e não só palavras, que esta faz toda a diferença no processo de ensino e aprendizagem.

Uma abordagem pedagógica eficaz não se limita apenas ao ensino do conteúdo académico, mas também leva em consideração o bem-estar emocional e psicológico dos alunos. Quando um professor reconhece o esforço de um aluno e o encoraja a atingir um desempenho melhor, isso tem necessariamente um impacto significativo na autoestima do estudante. Ao mesmo tempo, quando um professor percebe que um aluno está a desmotivar e a esmorecer por qualquer razão, deve tentar junto dele perceber o que se passa e como o pode ajudar.

É crucial que os professores cultivem um ambiente de apoio e valorização, onde os erros sejam vistos como oportunidades de aprendizagem e crescimento, em vez de fontes de desencorajamento. Ao adotar esta abordagem, podem contribuir para o desenvolvimento de uma mentalidade positiva nos alunos, incentivando-os a persistir, procurar o progresso e acreditar no seu potencial.

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A atribuição de notas pode desempenhar um papel importante na construção da autoestima dos alunos. Mas, para que isso seja sentido pelos alunos, é fundamental que os professores estejam cientes do impacto que essas notas podem ter no bem-estar emocional dos estudantes. O professor não deve reduzir a classificação à aritmética.

Quando, por exemplo, um professor se limita a dar um 69,4% a um aluno que fica a uma décima do “bom”, se arredondarmos à unidade, sem reconhecer e considerar o esforço do aluno, individualizando a avaliação, isso pode levar a uma sensação de desvalorização e desmotivação. Se, por outro lado, aumentasse a nota para 69,5%, que arredondando à unidade daria 70% e consequentemente “bom”, iria demonstrar que ao corrigir o teste teve a capacidade de análise holística do aluno e não apenas o cumprimento restrito da matriz. Com este simples procedimento o professor está a reforçar a confiança e a autoestima do estudante. Vejo, infelizmente, muitos colegas meus a limitarem-se a fazer contas, em vez de avaliar.

Poderá neste momento achar que a ideia aqui é sobrevalorizar e truncar os números, facilitando, em benefício dos alunos. Não é. Por esse motivo, quero deixar bem claro que o objetivo não é simplesmente aumentar artificialmente as notas, mas sim proporcionar um feedback construtivo, que motive o aluno a esforçar-se e melhorar. Em alguns casos, ter de reduzir a nota de 69,4% para 67% pode ser uma maneira de lembrar o aluno de que é necessário aplicar-se mais e que há espaço para crescimento. Conhecer os alunos a este nível é um importante facto pedagógico que os ajuda a reconhecer as suas áreas de desenvolvimento e os incentiva a procurar o progresso.

Ao corrigir os testes e atribuir notas, os professores devem considerar o aluno como um indivíduo completo, levando em conta não apenas o desempenho momentâneo do teste, mas também o esforço, a evolução e o contexto pessoal de cada estudante. Isso implica abordar a avaliação como uma oportunidade de identificar os pontos fortes e fracos de cada aluno, oferecendo feedback personalizado que estimule o crescimento e a superação.

Os professores devem criar um ambiente seguro e acolhedor, no qual os alunos se sintam à vontade para expressar as suas dúvidas e incertezas. A empatia e o apoio emocional são essenciais nesse processo, permitindo que os estudantes se sintam valorizados como indivíduos. Ao adotar uma abordagem centrada no aluno, os professores podem construir uma relação de confiança, respeito e apoio mútuo.

Os professores têm o poder de influenciar positivamente a autoestima dos estudantes, através de uma pedagogia que valorize e incentive o seu crescimento. Ao ir além das notas e considerar cada aluno individualmente durante a correção dos testes, podem criar um ambiente de aprendizagem significativo.