O secretário de Estado norte-americano reafirmou esta sexta-feira que as sanções que pesam sobre Moscovo poderão ser levantadas nos próximos meses caso a Rússia aplique plenamente os acordos de Minsk, negociados para resolver o conflito no leste da Ucrânia.
John Kerry falava no Fórum Económico Mundial de Davos, encontro de elites que decorre até sábado naquela estância suíça, durante uma intervenção sobre as prioridades da diplomacia norte-americana para o ano corrente.
Washington tem afirmado em diversas ocasiões que poderá levantar as sanções contra a Rússia se as autoridades de Moscovo e os separatistas pró-russos do leste da Ucrânia aplicarem plenamente os acordos concluídos em fevereiro de 2015, assinados em Minsk pela Rússia, Ucrânia, França e Alemanha.
“Acredito que, com esforço e intenções legítimas de boa-fé para resolver os problemas dos dois lados, será possível aplicar os acordos de Minsk nos próximos meses e encontrar uma margem para que as sanções sejam levantadas, em caso de uma plena aplicação”, declarou o chefe da diplomacia norte-americana.
Kerry indicou igualmente que teve a oportunidade de se reunir na quarta-feira em Davos, acompanhado pelo vice-presidente norte-americano Joe Biden, com o Presidente ucraniano, Petro Poroshenko.
Moscovo e Kiev estão envolvidos numa crise sem precedentes desde que as forças pró-ocidentais chegaram ao poder na Ucrânia no início de 2014, situação que se agravou com a anexação russa da península da Crimeia, concretizada após um referendo fortemente contestado, e com o conflito com os separatistas pró-russos na região leste da Ucrânia, que já fez mais de 9.000 mortos desde abril de 2014.
Kiev e o Ocidente acusam a Rússia de armar os separatistas pró-russos e de ter enviado tropas regulares para a zona do conflito, o mais sangrento na Europa desde a guerra dos Balcãs na década de 1990.
Moscovo sempre rejeitou categoricamente qualquer implicação militar no conflito, mas o seu envolvimento na crise ucraniana fui punido com pesadas sanções económicas e originou uma degradação da relação com o Ocidente.
Nos últimos meses, os Estados Unidos e a Rússia têm protagonizado episódios de aproximação, devido às conversações para uma solução diplomática para a guerra na Síria e ao acordo sobre o programa nuclear do Irão.