Entre 2003 e 2015, o atual diretor do Departamento de Habitação e Reabilitação Urbana da Câmara de Oeiras, Gentil Carrilho, adjudicou diretamente projetos a uma empresa – a Archoscidade – por onde passaram três arquitetos que colaboravam com a Câmara de Oeiras ou que já lá tinham trabalhado. Os contratos adjudicados somam milhares de euros, de acordo a notícia do Público.

Em resumo, Andreia Rovisco, que fez estágio, entre 2001 e 2002, no Departamento de Projetos Especiais da Câmara de Oeiras, cujo diretor era então Gentil Carrilho, criou, em 2003, juntamente com o arquiteto Nuno Silva Couto, a empresa Archoscidade em Paço de Arcos, que fechou em meados do ano de 2015.

Este gabinete de arquitetura começou logo a receber encomendas do Departamento de Projetos da Câmara de Oeiras. Desde então e até 2015 a Câmara pagou 202.146 euros a este atelier.

Entretanto, a título individual, Nuno Silva Couto celebrou uma avença com a mesma Câmara até 2009, tendo recebido 102.096 euros. Já Andreia Rovisco acabou por sair da Archoscidade logo em 2004 e foi substituída por Maria João Gonçalves, arquiteta que em 2001 foi contratada por Gentil Carrilho para um projeto especial de urbanismo comercial de Algés.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Já em 2009, o mesmo Nuno Silva Couto criou uma sociedade unipessoal em Paço de Arcos para onde se mudou a Archoscidade e faturou até ao final de 2015, 179.313 euros, detalha o jornal Público. No mesmo ano, em 2009, Maria João Gonçalves criou também a, já extinta, MJ Gonçalves, e recebeu, por ajuste direto, da Câmara de Oeiras, 96.761 euros.

Ao todo, estes ajustes diretos totalizam perto de 670 mil euros.

O Público dá ainda conta que a sede da Archoscidade e da Nuno Silva Couto Ldª funcionaram até ao ano passado na mesma morada onde desenvolvia também a sua atividade privada de arquitectura o diretor municipal Gentil Carrilho. Acontece que acumulação de funções públicas e privadas é proibida aos funcionários dirigente das autarquias.

Questionado sobre o assunto, o presidente Paulo Vistas disse que “desconhece, até ao momento, a situação descrita” e que “do processo individual do trabalhador não consta qualquer pedido de autorização para o exercício de funções em acumulação com as funções públicas que desempenha neste município”.

De acordo com o Público, a Polícia Judiciária esteve na semana passada na Câmara de Oeiras, detendo-se em particular no sector da Reabilitação Urbana.

Contactado, Gentil Carrilho apenas referiu que se trata de um assunto que julga “estar a ser analisado pela PJ, na sequência de uma denúncia anónima”.