A agência de notação financeira Standard & Poor’s desceu o ‘rating’ da dívida soberana de Angola de ‘B+’ para ‘B’ devido à descida do preço do petróleo e à dependência destas exportações, levando ao aumento do endividamento do país.

No comunicado com a decisão, que assume ainda uma perspetiva de evolução “estável” do ‘rating’, aquela agência justifica a decisão com os preços do barril de petróleo no mercado internacional “mais baixos do que o esperado” nas previsões 2016-2019.

“Adicionalmente, os empréstimos internos e externos do Estado, juntamente com uma taxa de câmbio fraca, tem elevado o peso da dívida pública e esperamos que a dívida bruta de Angola atinja os 50% do PIB [Produto Interno Bruto] este ano”, lê-se no comunicado.

A Standard & Poor’s justifica a perspetiva de evolução “estável” com a previsão de uma descida gradual do défice angolano, reduzindo assim os riscos ao financiamento externo, e tendo também em conta a resposta do Governo à crise, para evitar a deterioração da situação fiscal e da dívida.

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“Prevemos necessidades de financiamento externo bruto de Angola de aproximadamente 31 mil milhões de dólares este ano e no próximo, das quais cerca de metade de curto prazo”, aponta a Standard & Poor’s.

Ainda assim, a agência avisa: “A deterioração no ambiente político ou institucional angolano pode resultar numa descida [da notação]”.

No mesmo comunicado, a Standard & Poor’s prevê um crescimento de 3,3% do PIB angolano em 2016 e uma dívida pública anual a rondar os 7% até 2019, a financiar com recurso, nomeadamente, a empréstimos externos.

Os analistas daquela agência notam ainda que com a entrada em produção de novos blocos, a produção de petróleo em Angola poderá atingir em 2016 os 1,9 milhões de barris por dia, dependendo da disponibilidade das operadoras para manter o nível de investimento, tendo em conta os preços atuais.

Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana, tendo atingido os 1,8 milhões de barris por dia em 2015, mas está há mais de um ano mergulhada numa crise financeira, económica e cambial, face à redução para metade das receitas com a exportação petrolífera com a quebra da cotação do barril de crude no mercado internacional.