Em plena campanha eleitoral, o primeiro-ministro da Irlanda, Enda Kenny, diz que Portugal está a pagar um preço “horrível” pela instabilidade política e que a Irlanda não pode seguir o mesmo caminho, sob o risco de deitar tudo a perder.

O líder irlandês procurava assim demarcar-se da estratégia seguida pelo homólogo português e oferecer a coligação que lidera – Fine Gael-Partido Trabalhista – como sinónimo de estabilidade. Até porque a recuperação económica da Irlanda “não deve ser tomada como garantida”, afirmou Enda Kenny, citado pela agência Bloomberg.

O primeiro-ministro irlandês parece, assim, apostar numa mensagem clara: o pior que podia acontecer à Irlanda era repetir-se lá o que aconteceu em Portugal. A atual coligação “é clara e estável”. Tudo que signifique instabilidade e caos seria um obstáculo para a recuperação económica do país, defendeu o líder do Executivo irlandês.

Também Michael Noonan, ministro das Finanças irlandês, veio a terreiro defender que a instabilidade política que, diz, atravessa Portugal é o maior risco para a economia da Irlanda. O ministro falava em entrevista à RTE, aqui citada pela Bloomberg .

Os irlandeses vão a votos a 26 de fevereiro. Por esta altura, a coligação soma 36% nas intenções de voto. Para conseguir um segundo mandato, Enda Kenny precisaria de qualquer coisa como 44% dos votos. Com Kenny a dizer que descarta qualquer aliança ao partido de centro-direita Fianna Fail – que segue com 18% nas intenções de votos – a coligação por ele liderada parece estar disposta a agitar o cenário de eventual instabilidade para convencer os eleitores.

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