O aumento recorde do montante de empréstimos concedidos pelos bancos chineses, quadruplicando face a dezembro, fez soar as campainhas de alarme nos analistas, que alertam para uma ‘bolha de crédito’ que pode abrandar ainda mais a economia.

“O alto e crescente grau de endividamento na economia é uma importante vulnerabilidade estrutural”, disse à agência espanhola Efe o diretor do departamento de dívida soberana para a Ásia Pacífico da agência de notação financeira Fitch, uma das várias que tem chamado a atenção para o problema.

Em causa está o montante de empréstimos concedidos pelos bancos chineses, que chegou a 345 mil milhões de euros em janeiro, multiplicando por quatro os 82,2 milhões emprestados em dezembro, de acordo com os números divulgados esta semana pela Comissão Reguladora da Banca.

Segundo os cálculos da consultora McKinsey, o total da dívida pública e privada chinesa chega a 280% do PIB chinês.

Os analistas concordam que o forte impulso dado pelos novos empréstimos pode acelerar o crescimento da economia a curto prazo, mas também convergem na análise de que, a prazo, isso pode aumentar os riscos do impacto.

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Os dados de janeiro dos empréstimos costumam ser mais altos que os do final do ano anterior, porque são reabertas as quotas de empréstimos, mas neste caso a subida foi potenciada pela política monetária chinesa, caracterizada por uma descida das taxas de juro nos últimos meses.

A China enfrenta uma abrandamento económico sem precedentes na última década, devendo ter crescido cerca de 7% no ano passado, o que acontece pela primeira vez na última década e arrisca abrandar ainda mais o crescimento da economia mundial.

Comparando com janeiro do ano passado, os bancos emprestaram mais 70,2% e mais 32,8% do que em março de 2009, o anterior recorde mensal de empréstimos de crédito.

Esta explosão creditícia coloca novamente debaixo dos holofotes mediáticos um problema que tem sido avançado pelos analistas nos últimos meses: a excessiva dependência do endividamento na China, que foi potenciada pelo plano de estímulo à economia lançado no seguimento da crise financeira de 2007, e cujas ajudas de 562 mil milhões de euros ajudaram a quadruplicar a dívida pública e privada da segunda maior economia mundial.