Soraya Esfandiary-Bakhtiari casou-se com o Xá da Pérsia (ou Irão), Reza Pahlavi, em 1951, tendo-se divorciado sete anos depois. Ficou conhecida como a princesa “dos olhos tristes” e deixou a sua marca na região – apesar de na Pérsia nunca ter sido atribuído um título feminino à mulher do Xá, Soraya sempre foi conhecida como princesa ou imperatriz. Em 2001, Soraya foi encontrada morta no seu apartamento em Paris. Junto ao corpo estava uma cópia do seu livro de memórias chamado “O Palácio da Solidão”.
Na autobiografia contava como fora repudiada por não conseguir gerar herdeiros, obrigando-a mesmo ao divórcio e à partida para a cidade alemã de Colónia para se juntar ao irmão, o príncipe Bijan. Depois da morte de Soraya, deu-se início a uma série de processos e movimentações relativas à herança que deixou. Uma fortuna considerável que englobava, entre outras coisas, joias, obras de arte ou peles valiosas. O testamento era claro: toda estes pertences deveriam ser leiloados e o dinheiro resultante da venda deveria ser entregue ao irmão. O problema é que Bijan morreu subitamente apenas uma semana depois do falecimento da irmã.
Criava-se aqui um problema burocrático, visto que não havia nenhum outro herdeiro previsto. Apesar de tudo, o leilão realizou-se e a fortuna ficou nas mãos do Estado alemão. Ao longo dos últimos anos várias pessoas declararam-se os herdeiros legítimos, tendo sido sempre rejeitadas pela justiça germânica. Agora, o tribunal regional de Colónia avançou com o processo e decidiu, esta terça-feira, que a herança deixada por Soraya deve ser entregue ao motorista e secretário privado de Bijan, dá conta a imprensa alemã.
A decisão foi baseada numa nota deixada pelo príncipe, escrita na véspera da sua morte, cujo valor foi considerado testamental. O tribunal recusou assim o recurso apresentado pelos familiares iranianos da falecida princesa que dava conta que Bijan não estava na posse de todas as suas faculdades mentais no momento em que redigiu a nota. Ou seja, na opinião do juiz, a assinatura presente no texto é suficiente para provar a intenção de Bijan em confirmar a sua vontade.
Entre o lote leiloado estava um Rolls Royce, da década de 80, centenas de objetos decorativos de prata, tapetes orientais, mobiliário, peles e uma coleção de obras de arte. Para além de tudo isto, havia ainda um anel oferecido pelo Xá, uma aliança com um diamante de 23 quilates e um colar desenhado pelo italiano Sotirio Bulgari – só este lote foi avaliado em dois milhões de euros.