Rigatoni com ragu de porco preto alentejano do Come Prima
Rua do Olival, 258 (Lapa). 21 390 2457. www.comeprima.pt. Preço: 14,95€
Dizem os sábios que não se deve mexer em equipa que ganha. Ou, como preferem os ingleses, que não se conserta o que não está partido. Mas Tanka Sapkota, o sorridente chef nepalês, especialista em cozinha italiana — fez a sua formação por lá e até se apresenta como Giovanni –, não se rege por essa máxima, seja qual for a versão. Apesar de o Come Prima, o seu primeiro restaurante lisboeta, ser dono de três importantes distinções gastronómicas atribuídas por instituições italianas — um atestado de excelência, outro de hospitalidade e ainda a chamada estrela Michelin das pizzas — Tanka decidiu enveredar por uma abordagem nova e inesperada na última renovação da carta, no final de janeiro. E como? “Vamos honrar os melhores produtos portugueses, misturando-os com o melhor da cozinha italiana”, explicou no dia da apresentação. O resultado foram seis pratos inéditos, cinco deles à base de marisco nacional (sapateira, mexilhão ou amêijoas, por exemplo) e um outro de carne: este rigatoni (pasta fresca, caseira) com ragu (à napolitana) de porco preto do Alentejo bolota, cozido a baixa temperatura e tomate, ervas frescas e queijo de cabra atabafado da Serra de Serpa. Conclusão: poucos fizeram melhor em prol da diplomacia Portugal — Itália até hoje.
Tártaro de robalo do Cais da Pedra
Avenida Infante Dom Henrique, Armazém B, Loja 9. 21 887 1651. www.caisdapedra.pt. Preço: 8€
No final do ano passado, Henrique Sá Pessoa não se limitou a abrir o Alma, no Chiado. Também introduziu algumas novidades na carta de outro dos espaços lisboetas com a sua assinatura, a hamburgueria Cais da Pedra. Começou por mudar a carne dos hambúrgueres –passou a ser exclusivamente de picanha, e nota-se a diferença — e acrescentou algumas opções para quem deseja ir além desse universo. Entre elas, destaca-se o fresquíssimo tártaro de robalo, uma das novas entradas. Fresquíssimo não só pelo peixe mas também pelo gengibre e maçã que o acompanham. O creme de abacate e wasabi apimenta ligeiramente a receita. Nas sobremesas, tem feito sucesso, e justamente, a tarte banoffee, com banana, doce de leite e chantili de baunilha.
Tortelloni com alcachofras e bochecha de porco crocante de Abruzzo do Il Matriciano
Rua de São Bento, 107. 21 395 2639. facebook.com/ilmatriciano.ristoranteitaliano. Preço: 14€
Do Il Matriciano escreveu-se aqui no Observador que seria, provavelmente, o restaurante mais italiano de Lisboa. Continua a sê-lo, até na maneira como atendem o telefone e recebem os clientes: buonasera. Por isso, ao contrário do que acontece no Come Prima, as novidades da carta não têm nada de português. O que, ressalve-se, não é um problema. O chef Maurizio Traina é um dos melhores embaixadores da cozinha transalpina por estas paragens e isso nota-se especialmente num dos novos pratos que, segundo a gerência, alcançou rapidamente o estatuto de best seller da casa. Ora cá vai, em italiano como eles gostam: tortelloni fatti in casa con carciofi e guanciale croccante abruzzese. Algo como: tortelloni caseiros com alcachofras e bochecha de porco crocante de Abruzzo. E se se duvidar da origem do produto basta relembrar o seguinte: o dono do Il Matriciano, Alessandro Lagana, vai com frequência a Teramo, na região de Abruzzo, precisamente, onde tem outros negócios. E volta sempre com a mala cheia de (bons) produtos.
Aji Maki do Wasabi
Rua Azedo Gneco, 74B (Campo de Ourique). 96 666 3666. www.wasabi.pt. Preço: 8,50€ (8 peças)
Com o recente lançamento de uma nova carta, a intenção dos responsáveis do Wasabi foi a de vincar um estatuto curioso: o de restaurante japonês mais português de Lisboa. Para tal, o chef residente do restaurante de Campo de Ourique, Rui Santos, não se escusa a usar, por exemplo, muito peixe tipicamente português nas suas criações, casos de carapau, cavala ou dourada. E este contexto é o ideal para a boa matéria-prima da costa nacional brilhar. No caso do aji maki, trata-se de um uramaki cheio de texturas e crocância, em que o carapau é ligeiramente braseado em azeite de gengibre e alho e surge acompanhado por takuan (uma conserva de rabanete), feijão-verde furai, pepino e goma wakame. Destaque, também, para outra das novas propostas do género, o unagui maki, um uramaki de enguia que usa outro produto nacional, a batata-doce, de forma curiosa, em tempura.
Tasquinha do Lagarto do Bastardo
Internacional Design Hotel. Rua da Betesga, 3 (Rossio). 21 324 0993. restaurantebastardo.com. Preço: 6€
É inaudito, de facto, uma sobremesa chamar-se Tasquinha do Lagarto. Mas a designação explica-se depressa. O chef do Bastardo, Luís Rodrigues, cresceu no restaurante dos pais, precisamente a Tasquinha do Lagarto, um daqueles clássicos de comida de tacho, reconfortante, entre Sete Rios e Campolide. Ora essa Tasquinha do Lagarto tem uma espécie de sobremesa dupla, mítica, que é razão de romarias: o bolo de bolacha regado com mousse de chocolate. E foi precisamente essa sobremesa — ou uma versão bastante aproximada — que viajou da Rua de Campolide até ao restaurante do Internacional Design Hotel, no Rossio, para abrilhantar a nova carta. A diferença, em relação ao original, é subtil: no Bastardo o bolo é de bolacha Maria, em vez de torrada. De resto, a magia está lá toda. E o chocolate também.