As ações do BPI foram suspensas pela Euronext Lisboa, a pedido da CMVM, depois de durante a manhã terem estado a subir cerca de 10% na bolsa de Lisboa, para 1,177 euros, reagindo com uma forte valorização à notícia da Bloomberg de que os espanhóis do CaixaBank estão a negociar com Isabel dos Santos a compra da posição da angolana no capital do banco. As negociações ainda não foram confirmadas por qualquer uma das partes, mas no mercado já se está a apostar num cenário em que o CaixaBank consegue a maioria do capital e tem de lançar uma oferta pública para a aquisição das restantes ações (ou seja, uma OPA).

“O Conselho de Administração da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) deliberou, nos termos do artigo 214º e da alínea b) do n.º 2 do artigo 213º do Código dos Valores Mobiliários, a suspensão da negociação das ações do Banco BPI, S.A., até à divulgação de informação relevante sobre o emitente“, informou esta manhã a CMVM.

Seguindo a mesma tendência, as ações do BCP estavam a ganhar 8,2% para 3,7 cêntimos por cada título.

“O CaixaBank é o principal acionista do Banco BPI (participação de 44,1%), pelo que qualquer acordo que conduza à aquisição das referidas participações forçaria o banco espanhol a apresentar uma oferta para a aquisição das restantes ações do BPI”, nota o analista do CaixaBI André Rodrigues, em nota de análise difundida esta manhã.

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A empresária Isabel dos Santos controla a Santoro Finance, que tem 18,6% do BPI, e tem também uma participação de 42,5% no banco angolano Banco BIC (é o seu maior acionista), que tem 1,9% do BPI.

O especialista acrescenta que “as negociações em causa (a serem confirmadas) poderão ainda conduzir a um acordo alargado entre estes dois acionistas que venha a solucionar também a questão levantada pela ultrapassagem do limite dos grandes riscos em Angola“.

O acordo para a compra desta posição de cerca de 20% poderá ser alcançado nos próximos dias, notavam as fontes contactadas pela Bloomberg. Esta operação permitiria ultrapassar o diferendo acionista que está a impedir o banco português de resolver a exposição a Angola, cumprindo as imposições feitas pelo Banco Central Europeu.

Uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre o banco português seria uma reedição de uma oferta que esteve no mercado há um ano, mas que não foi para a frente. O principal obstáculo a esta OPA, cujo preço não agradava nem à gestão do banco, nem aos principais accionistas. Mas foi Isabel dos Santos que usou a sua participação no banco para chumbar a condição de sucesso da OPA: o fim do limite aos direitos de voto dos acionistas. O CaixaBank oferecia então 1,1 mil milhões de euros pelo capital que não detinha no BPI.