O CaixaBank, o maior acionista do BPI, estará em conversas com Isabel dos Santos para adquirir a participação que a empresária angolana tem no banco português. A informação está a ser avançada pela agência Bloomberg que cita pessoas com conhecimento do assunto.

O acordo para a compra desta posição de cerca de 20% poderá ser alcançado nos próximos dias, acrescentam as mesmas fontes, o que permitiria ultrapassar o diferendo acionista que está a impedir o banco português de resolver a exposição a Angola, cumprindo as imposições feitas pelo Banco Central Europeu. No entanto, ainda não há uma decisão final sobre esta operação, assinalam as referidas fontes à Bloomberg.

A concretizar-se, este negócio obrigaria provavelmente o CaixaBank, que detém cerca de 44% do BPI, a lançar uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre o banco português, reeditando uma oferta que esteve no mercado há um ano, mas que não foi para a frente. O principal obstáculo a esta OPA, cujo preço não agradava nem à gestão do banco, nem aos principais accionistas. Mas foi Isabel dos Santos que usou a sua participação no banco para chumbar a condição de sucesso da OPA: o fim do limite aos direitos de voto dos acionistas. O CaixaBank oferecia então 1,1 mil milhões de euros pelo capital que não detinha no BPI.

Apesar de ter menos de metade da participação do banco catalão, Isabel dos Santos tem os mesmos votos que o CaixaBank, uma vez que o limite esta fixado em 20%. A empresária angolana chumbou a solução proposta pela gestão do BPI que propôs a cisão da participação de 51% na unidade angolana, o BFA (Banco do Fomento Angola), que seria entregue aos acionistas. Por outro lado, a gestão do BPI recusou a oferta de 140 milhões de euros apresentada pela empresária, filha do presidente angolano, para comprar 10% do capital do BFA, o que lhe daria o controlo da instituição que é um dos principais bancos de retalho em Angola. Isabel dos Santos também tem votado contra o levantamento do bloqueio aos direitos de voto.

Fontes oficiais do BPI e do CaixaBank não comentaram esta informação da Bloomberg, mas o prazo para o banco português resolver o imbróglio em Angola está a aproximar-se do fim (10 de abril). E se não for cumprido, o BPI arrisca-se a ter de pagar uma multa diária que pode chegar aos 5% do seu volume de negócios, de acordo com indicação avançada pelo Jornal de Negócios.

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