No dia em que os jornalistas e restantes trabalhadores do jornal Diário Económico e da Económico TV anunciaram que vão estar parados no próximo dia 10 de março, sabe-se também que a administração do jornal decidiu avançar para processo especial de revitalização (PER).

Os trabalhadores justificam a paralisação de 24 horas com o “atraso no pagamento dos salários de janeiro e fevereiro últimos, bem como do subsídio de Natal”, bem como com a “drástica degradação das condições de trabalho que impõem um esforço totalmente desproporcionado aos trabalhadores para assegurarem o funcionamento dos órgãos de informação para que trabalham, sem que se vislumbre qualquer solução para a situação que vivem”.

O pré-aviso de greve foi entregue, esta quinta-feira, através dos sindicatos dos Jornalistas e Sindetelco e nele os trabalhadores “reafirmam que não se deve deixar cair o projeto líder da informação económica em Portugal” e voltam, como já tinham feito no passado, a apelar à sociedade civil que “contribua para a continuidade deste projeto, comprando o Diário Económico, acedendo a Economico.pt e seguindo o Etv”.

No pré-aviso entregue no Ministério do Trabalho, lê-se ainda que a greve será desconvocada ou suspensa “logo que sejam pagos os salários relativos ao mês de janeiro deste ano”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Também esta quinta-feira o administrador Gonçalo Faria de Carvalho comunicou à Comissão Instaladora da Comissão de Trabalhadores do Diário Económico que a administração decidiu avançar com um Processo Especial de Revitalização (PER) e solicitou à Comissão que sugerisse o nome de um gestor judicial para acompanhar o processo, que dará entrada em seguida, conforme se pode ler num comunicado enviado à redação esta manhã.

Lê-se ainda nesse comunicado que o administrador Gonçalo Faria de Carvalho reafirmou “que dará início amanhã ao pagamento dos salários de janeiro, começando pelos vencimentos mais baixos”.

Já esta tarde, o Conselho de Redação reuniu com o diretor Raul Vaz para falar sobre a decisão da administração de avançar com o PER e, nessa reunião, o diretor referiu que “o negócio de venda do jornal ‘está-se a revelar difícil de concretizar’, sublinhando que ‘não é pelo PER que ficamos pior ou melhor'”. “A entrada do PER não dificulta a concretização do negócio, pode inclusive facilitar”, disse Raul Vaz em reunião de Conselho de Redação.

Em janeiro, a administração do jornal tinha conseguido levantar a penhora que o fisco efetuou em meados de dezembro — decretada na sequência das dívidas acumuladas ao longo de anos e que geraram um passivo acumulado de cerca de 30 milhões de euros — às receitas geradas pela empresa detentora do título, a S. T. & S. F. Essa ação permitiu regularizar parte dos salários em dívida. Em causa estão cerca de 140 trabalhadores, sendo que alguns deles já suspenderam o contrato, segundo apurou o Observador.

Lembre-se que a Ongoing Strategy Investments, principal holding do grupo que detém este órgão de comunicação, já avançou com um processo especial de revitalização.