Centenas de manifestantes concentraram-se este sábado no centro de Londres para exigir a demissão do primeiro-ministro britânico na sequência da controvérsia do envolvimento do pai de David Cameron no caso dos Panama Papers.

Com cartazes e chapéus “panamá”, centenas de pessoas começaram a manifestar-se defronte da sede do executivo, tendo como pano de fundo o facto de Cameron já ter admitido que saiu beneficiado de um investimento feito pelo seu pai, Ian, num paraíso fiscal.

“Cameron tem de sair”, “não te queremos mais Cameron. Demite-te” ou “o que se passa no Panamá não acaba no Panamá” foram alguns dos cartazes empunhados pelos manifestantes, que gritaram também palavras de ordem exigindo a demissão do primeiro-ministro britânico.

Os manifestantes seguiram depois para a zona de Covent Garden, o Cameron discursava numa reunião dos conservadores destinada a preparar as eleições locais realizada num hotel, sob fortes medidas de segurança.

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Dentro do hotel conseguia-se ouvir os gritos e as palavras de ordem dos manifestantes.

Depois de negar durante alguns dias que teria interesses em paraísos fiscais, Cameron reconheceu quinta-feira que teve ações no valor de mais de 30 mil libras (cerca de 37.500 euros) num fundo de investimento nas Bahamas, garantindo, porém, que todas as transações estiveram sujeitas aos impostos no Reino Unido.

Cameron, cujo pai faleceu em 2010, reconheceu que foi titular, em conjunto com a mulher, Samantha, de 5.000 títulos no Blairmore Investment Trust, registado nas Bahamas, entre 1997 e janeiro de 2010, quatro meses antes de tomar posse como primeiro-ministro.

Segundo o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa), com sede em Washington, que reuniu para este trabalho 370 jornalistas de mais de 70 países, mais de 214.000 entidades offshore estão envolvidas em operações financeiras em mais de 200 países e territórios em todo o mundo.

A investigação resulta de uma fuga de informação e juntou cerca de 11,5 milhões de documentos ligados a quase quatro décadas de atividade da empresa panamiana Mossack Fonseca, especializada na gestão de capitais e de património, com informações sobre mais de 214 mil empresas offshore em mais de 200 países e territórios.