Os Estados Unidos da América e o mundo acordaram num sobressalto na madrugada de domingo, 12 de junho. Um homem armado fez 50 vítimas mortais num bar gay em Orlando e deixou outras 53 pessoas feridas. Apesar de ainda haver informação por apurar, a imprensa internacional vai divulgando, pouco a pouco, as histórias de quem sobreviveu àquele que já é considerado um dos piores tiroteios em massa em solo norte-americano.

Exemplo disso é o que conta a BBC, que ouviu a história de uma mulher que recebeu uma mensagem escrita da filha, no Pulse Club, em Orlando, e que só assim ficou a saber que ela tinha sido baleada num braço. A publicação não refere o nome da mãe, mas na página de Facebook do bar há mais mães que procuraram os filhos.

Libia Carmen é uma delas. Num post publicado na página da discoteca chegou a pedir para que rezassem pela filha: “Ela está à espera que a polícia chegue ao local. Estive ao telefone com ela e só conseguia ouvir tiros”, escreveu uma hora antes de anunciar que a filha já tinha conseguido sair do bar que na madrugada de domingo foi alvo do tiroteio.

“Muito obrigada por terem rezado pela minha filha e por mim. A minha vida está de volta. Obrigada Deus, por teres ouvido as nossas orações”, escreveu num comentário a uma publicação do Pulse Club.

Enquanto a filha de Libia ligava à mãe, outros jovens utilizavam os smartphones para explicar o que estavam a viver dentro do Pulse Club. “Nunca vi tantos corpos no chão”, escreveu Juan Rivera no Twitter. O utilizador com o nome GoEmilio acrescentava que era preciso avisar a polícia de que estavam escondidos no camarote.

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https://twitter.com/Breaking911/status/741903204875534336

Christopher Hansen, que também estava na discoteca LGBTI de Orlando, dizia que estavam “corpos por todo o lado” e que no parque de estacionamento as autoridades estavam a identificar as vítimas com cores — vermelho ou amarelo — para “saberem quem deveriam socorrer primeiro”. “Calças para baixo, camisolas fora, tinham de encontrar as balas. Havia sangue por todo o lado”, escreveu.

Ricardo Negron Almodovar também estava na discoteca. Contou à BBC News que quando ouviu os tiros se atirou para o chão, sem conseguir ver o atacante. “A dada altura, houve uma breve pausa e levantámo-nos para caminharmos em direção a um pátio. Encontrámos uma saída e depois disso… corremos”, contou.

Anthony Torres fez vários vídeos com o que se estava a passar no Pulse Club e foi publicando nas redes sociais. Ao New York Daily News disse que estava a sair do bar quando começou a ouvir os tiros. “Estava toda a gente a correr e a gritar”, afirmou.

Relatos semelhantes são aqueles a que a revista People teve acesso. “Tantas pessoas ficaram feridas”, lamentou Antonio, de 29 anos, que não deu o apelido à publicação. “Eu e os meus amigos estávamos no parque de estacionamento. Estávamos de saída. Ouvimos um barulho que pensei ser o som de música no interior. E as pessoas começaram a correr porta fora.”

A mesma testemunha dá conta de que, no exterior do clube, as pessoas apressaram-se a ajudar-se umas às outras. É o caso do homem que pediu ajuda — “Acho que fui atingido” –, ao mesmo tempo que pessoas acudiam na sua direção de forma a tentar parar a hemorragia com as suas próprias roupas. Antonio conta ainda que viu um homem deitado no chão, com duas mulheres ajoelhadas junto dele a dizerem-lhe “Fica connosco. Fica connosco”.

Carmen Pena, 30, estava no interior do clube, na mesma divisão que o atirador, quando este começou a disparar. “Eu sabia que ele estava naquela divisão porque ouvi uma mulher a gritar e, de repente, ela parou”, contou Pena à People, recordando os sonoros disparos. “A todo o momento pensei que ia ser atingida.”

A jovem mulher relatou ainda que, assim que ouviu um disparo, baixou-se à procura de proteção. “Havia tantas pessoas a correr à minha volta e eu estava a tentar alcançar a porta das traseiras. Eu sabia que o atirador estava atrás de mim, mas estava com medo de me virar. Estava a rezar a todos os santos por proteção.”