O filho do ditador guineense Teodoro Obiang Nguema, Teodorín Obiang, foi denunciado pelo estilo de vida extravagante que leva em Paris. O homem de 47 anos ascendeu recentemente à vice-presidência da ex-colónia espanhola e enfrenta acusações de corrupção, branqueamento de capitais, desvio de fundos públicos e abuso de confiança. Teodorín terá gasto mais de 110 milhões de euros de empresas e do Tesouro guineense. A justiça francesa acredita que o dinheiro foi branqueado em gastos em Paris.
Teodorín, também conhecido como “O Patrão”, deverá ser julgado em janeiro. Esta é a primeira vez que um dirigente africano é julgado na Justiça europeia por crimes de corrupção. O estilo de vida ostentatório de Obiang fez levantar suspeitas de várias ONG (organizações não governamentais), nomeadamente da Transparency International, que o terá denunciado.
A Justiça francesa dispõe de um inventário dos gastos do vice-presidente da Guiné Equatorial. Em 2005, adquiriu um palacete no exclusivo distrito 16 de Paris, pelo qual pagou 25 milhões de euros. O edifício de cinco andares e com 4.500 metros quadrados foi submetido a uma remodelação projetada pelos decoradores Alberto Pinto e Jacques García, que custou 12 milhões de euros. Os gastos estão documentados em nome de cinco empresas suíças.
Em 2011, num esforço de mascarar estas despesas, foi colocada uma placa no palacete que dizia: “Anexo da Embaixada da Guiné Equatorial”. A tentativa foi em vão. Em 2012, as obras no prédio foram embargadas pelas autoridades.
Apesar de ser dono de uma luxuosa casa nas margens do Sena, gastou quase 600 mil euros entre 2005 e 2009 no hotel Crillon, junto aos Campos Elísios. Em 2009, as autoridades aduaneiras registaram a chegada de 26 carros luxuosos, das marcas Bentley, Porsche, Rolls Royce, Bugatti, Maserati e Mercedes, e seis motas importadas dos Estados Unidos, que foram enviadas para a Guiné. Nove desses carros foram confiscados em 2013.
Mas o esbanjamento não ficou por aqui. segundo apuraram as autoridades de França. “O Patrão” gastou 70 mil euros em fatos da Dolce & Gabbana e 71 mil euros em relógios da Cartier, Piaget e Vacheron e 10,5 milhões em joias. Num leilão da Christie’s, pagou 18,3 milhões de euros por parte do legado artístico de Yves Saint Laurent. Todas estas despesas tornaram-se difíceis de justificar por um homem que declarava ganhar 50 mil euros por ano.
Os funcionários que estavam ao seu serviço descrevem um estilo de vida extravagante. Um ex-mordomo falou de “álcool, prostitutas e drogas” e vários empregados mencionaram que nunca viajava sem uma mala cheia de notas de 100 dólares.