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Presidente da Federação de Coach: “Coaching não é psicologia”

Este artigo tem mais de 5 anos

O "coach" e o "coachee" estabelecem uma parceria em que o profissional ajuda o cliente a tomar consciência das suas capacidades e competências.

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Getty Images

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Futebolistas, equipa técnica e adeptos. Todos contribuíram à sua maneira para o percurso português feito em França e para a vitória alcançada no domingo. A bola, chutada pelo pé de Éder, entrou certeira na redes gaulesas, mas como o atleta o confessou, ali havia “mão” de Susana Torres – a mental coach do avançado. Mas o que é isto do coaching?

“O coaching é um processo de desenvolvimento pessoal e profissional para maximizar o potencial de uma pessoa”, explicou Maggie João, presidente da representação portuguesa da Federação Internacional de Coach (ICF Portugal). Este processo consiste basicamente numa série de conversas entre o coach (o profissional) e o coachee (o cliente).

“É uma parceria num processo estimulante em que há muito desafio”, disse Maggie João, presidente da ICF Portugal.

Os atletas, mas também os profissionais ou o cidadão comum, têm mais competências do que aquelas que muitas vezes vêm em si próprios. “O coach é um meio para o atleta se superar”, disse António Graça Martins, vogal da ICF Portugal. Não é o coach que vai dar ao atleta competências físicas ou técnicas, isso já ele tem. “O coach ajuda o atleta a tomar consciência das suas capacidades.”

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Maggie João dá um exemplo de uma pergunta: “Qual era o meu [do atleta] estado de espírito quando consegui aquele recorde?”. E a partir daí ajudar o atleta, o coachee, a encontrar as soluções dentro de si para vencer determinada situação.

Um coach não opina nem propõe soluções

Quem contrata um coach à espera que este lhe diga o que fazer, escolheu a pessoa errada. “O coach não dá soluções, porque as soluções estão dentro das pessoas”, disse a também coach Maggie João. O papel do coach é ajudar a pessoa a distanciar-se da situação que quer ultrapassar e a pensar em novas formas para a resolver. Um coach nunca deve opinar, reforçou a presidente.

E se tudo começa com uma conversa, é importante que se estabeleça uma relação de confiança entre as duas partes. O coach deve ser curioso e fazer perguntas – as perguntas certas -, não para satisfazer a própria curiosidade, mas para que as respostas do coachee o acabem por ajudar na situação presente. É por isso que uma das competências do coach deve ser a capacidade de escuta ativa. Entre as 11 competências que a ICF define para um coach também se inclui a capacidade de ajudar o coachee a definir objetivos e um plano de ação.

Em cada sessão e com o evoluir das conversas, o coach decide se vai desafiar o coachee com exercícios e que tipo de exercícios pode usar. O coachee pode ser convidado a desenhar uma linha da vida, uma linha temporal em que assinala os marcos mais importantes, o que tiveram de positivo ou negativo e o que se aprendeu com eles. Um exercício mais difícil – e que poderá não servir com todos os coachees, como referiu Maggie João, – é colocar-se no lugar de outra pessoa. Contar uma determinada situação pelo seu ponto de vista, depois sobre o ponto de vista do interlocutor ou de um observador.

Mas o caminho seguido vai sempre depender da parceria coach-coachee. “Cada parceria é única. Não existem receitas.” Também por isso a relação entre as duas partes pode não resultar e aí, ou o coachee quebra a relação, ou o coach deve aperceber-se de que a parceria não está a funcionar e terminá-la. O fim desta parceria deve motivar o coach a uma introspeção para que perceba o que correu mal.

Mas se a relação de coaching se estabelece normalmente entre coach e coachee também poderá haver casos em que faça sentido um coaching de grupo, seja um grupo de indivíduos da mesma empresa, seja um grupo de indivíduos sem aparente relação entre si.

Quem pode ser coach?

Team coaching, como lhe chamou António Martins, é uma das áreas em que atua, trabalhando a reflexão estratégica e a melhoria da gestão da equipa. O gestor de formação e de profissão tem como responsabilidade, nas empresas onde trabalha, capacitar pessoas para assumirem cargos de chefia e desenvolverem competências dentro da organização (mentoring). Foi aqui que teve o primeiro contacto com o coaching – uma parte do mentoring – que pretende desafiar as pessoas a superarem-se. Daí a começar a fazê-lo também fora das empresas onde trabalha foi um passo.

Foi também numa formação dentro da empresa que Maggie João abriu a porta à profissão que exerce atualmente. Engenheira de formação, Maggie João trabalhava com linhas de produção na melhoria de processos e fazer perguntas fazia parte do seu dia a dia. Numa formação sobre liderança inspiracional, pouco tempo depois de ter mudado de departamento na empresa, foi confrontada com colegas queixosos e pouco motivados. A sua intervenção de incentivo perante os restantes formandos teve tal impacto que o formador a convidou a ser, também ela, formadora daquela ação

Claro que recebeu formação para isso, para ser formadora e coach, mas descobriu, já lá vão sete anos, que realmente era isto que gostava de fazer. “Quando estou nestes ambientes [formação ou coaching] não sinto que seja trabalho. A cara fica a doer de sorrir o tempo todo.” Sobre os cinco anos de formação em engenharia confessou que até a ajudam a criar empatia e a entender os coachees gestores que também são engenheiros.

“Quem conhece melhor as problemáticas dos executivos ou dos atletas, está melhor preparado para fazer as perguntas certas”, reforçou António Martins. Embora também seja verdade que um coach não tem de ter conhecimentos técnicos da profissão ou modalidade do coachee para desenvolver a sua atividade. Quer se trate de coaching a nível pessoal, profissional ou desportivo, a metodologia seguida pela ICF é equivalente, referem os dois coachs.

Para se ser coachee basta procurar um coach, mas nem todas as soluções são encontradas nestas parcerias. “Coaching não é psicologia. [Por isso,] um coach deve ter o posicionamento ético de dizer que o coaching não é o melhor apoio quando uma pessoa tem uma patologia [como a depressão]”, disse Maggie João. A coach lembrou que os profissionais desta área não têm de ter formação em psicologia e que portanto não devem lidar com situações em que as pessoas sofrem de doenças psicológicas. Mas, quando não há patologia, “há situações em que o coaching funciona melhor do que a psicoterapia, porque o coachee precisa de alguém que o desafie”. Um desafio que pode ser mais ou menos provocador, mas que nunca é um confronto, e que fornece sempre uma rede de apoio ao coachee.

A ICF Portugal é a organização que, no nosso país, certifica os profissionais de coaching – 128, segundo a presidente. Os requisitos para pedir a credenciação é que tenham feito pelo menos 60 horas de formação – que podem incluir uma parte em que eles próprios são coachees de outros formandos sob a orientação dos formadores -, às quais se somam 100 horas de prática. Um coachee que queira garantias sobre o profissional pode pedir a sua certificação e perguntar se tem supervisor – um coach mais experiente que ajuda na evolução profissional do supervisionado.

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