Não chega, mas pode ser um passo importante para desbloquear o impasse político em Espanha. Albert Rivera, líder do Ciudadanos, está disposto a negociar com Mariano Rajoy um eventual apoio ao Governo do PP se os conservadores estiveram dispostos a aceitar seis condições já definidas por Rivera: à cabeça, o afastamento imediato de qualquer detentor de cargo público suspeito de corrupção.

As exigências de Rivera não se ficam por aqui. O Ciudadanos quer colocar um ponto final nos indultos atribuídos em casos de corrupção na política, exige a limitação da duração de mandatos para oito anos (dois mandatos consecutivos), a criação de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar o alegado financiamento ilegal do PP no “caso Barcenas”, a adoção de um novo sistema eleitoral, que retire a centralidade excessiva dos partidos nas eleições, e a eliminação da imunidade judicial a que estão sujeitos alguns detentores de órgãos públicos e políticos.

A informação é avançada pelo El País, que dá conta de que Albert Rivera já fez chegar a lista de exigências a Mariano Rajoy. Os dois líderes deverão reunir-se esta quarta-feira e todos os cenários estão em aberto, mas a aparente abertura do Rivera para negociar com o Rajoy pode ser um sinal importante.

Durante a campanha eleitoral, Rivera exigiu expressamente o afastamento de Rajoy da liderança do PP para aceitar negociar um possível acordo com os conservadores. Agora, perante a impossibilidade em romper o impasse entre PP e PSOE, o Ciudadanos admite assumir um papel mais ativo nas negociações, assim Rajoy assuma o compromisso de fazer uma “aposta inequívoca na regeneração [da política espanhola] e na luta contra a corrupção”, argumentou Rivera, citado pelo El País.

Ainda assim, um eventual apoio do Ciudadanos não chega para fazer passar um Governo do PP no Parlamento espanhol. A soma dos 137 deputados do PP com os 32 deputados do Ciudadanos não permite alcançar a maioria absoluta (176) — seria sempre necessária, pelo menos, a abstenção do PSOE de Pedro Sánchez. Mas essas são contas posteriores: primeiro, é preciso que as negociações entre PP e Ciudadanos cheguem a bom porto.

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