Uma estátua de Mahatma Gandhi instalada numa universidade do Gana vai ser retirada, depois de os professores da instituição terem lançado uma petição a acusar o líder indiano de ter sido racista. Segundo com o The Guardian, os docentes da universidade escreveram, na petição, que “é melhor batermos o pé pela nossa dignidade do que prostrar-nos perante os desejos de uma superpotência euro-asiática em crescimento”.
A petição, que recolheu mais de mil assinaturas, acusa Gandhi de ter dito que os indianos eram “infinitamente superiores” aos africanos. No documento, lê-se ainda que o pacifista indiano foi racista para o sul-africanos, durante os 21 anos em que lá viveu, e que foi responsável por manter o sistema de castas na Índia.
Figura controversa, Gandhi é o grande responsável pela criação da Índia enquanto estado independente face ao Reino Unido, mas também inspirou os líderes sul-africanos que acabaram com o Apartheid e manteve uma postura de tolerância relativamente às outras religiões, o que acabou por levar ao seu assassinato por um fanático do hinduísmo, em 1948. No entanto, como testemunham alguns dos primeiros escritos do indiano, Gandhi referia-se aos sul-africanos como “kaffirs” e acusava o governo da África do Sul de querer “arrastar” os indianos para o nível de “nativos semi-pagãos”.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Gana tomou a decisão de mudar a estátua de lugar na sequência da petição “para assegurar a sua segurança e evitar a controvérsia”. Citado pelo jornal britânico, um comunicado daquele ministério sublinha que “enquanto humano, Mahatma Gandhi pode ter tido as suas falhas, mas temos de nos lembrar que as pessoas evoluem”.
A estátua foi inaugurada em junho deste ano pelo presidente da Índia, Pranab Mukherjee, como símbolo da união entre os dois países.