As taxas de juro da dívida portuguesa subiram esta sexta-feira para o valor mais elevado desde fevereiro, com as últimas declarações da agência DBRS a aumentarem o nervosismo dos investidores em antecipação à decisão da agência de rating prevista para daqui a duas semanas. A agência de notação financeira alertou que Portugal está preso num “círculo vicioso” de reformas empatadas, crescimento baixo e dívida sufocante, o que foi visto pelos investidores como um sinal de que pode vir aí, pelo menos, uma despromoção da chamada perspetiva do rating, atualmente em estável, para negativa.
Segundo a Bloomberg, os investidores transacionaram entre si dívida pública portuguesa a 10 anos com uma taxa de 3,569%, um máximo desde os meses em que foi pública a negociação dura entre o governo português e a Comissão Europeia sobre o Pacto de Estabilidade e Crescimento. Em entrevista ao Observador, em março, a DBRS disse que essa subida de fevereiro foi um “aviso claro” dos mercados de que Portugal está vulnerável apesar das compras mensais de dívida pública portuguesa.
O juro da dívida pública nos mercados superou, finalmente, os 3,5% depois de várias vezes, ao longo dos últimos meses, ter-se aproximado desse valor mas nunca o ter superado de forma decisiva. Esse pode ser um mau augúrio para a dívida portuguesa, porque a atenção de muitos investidores pode voltar a virar-se para a próxima fasquia a superar. Em fevereiro, as taxas ascenderam até à região dos 4,5%.
A subida dos juros de Portugal ocorre numa altura em que continua a haver um alívio dos juros em Espanha (linha amarela).
Em nota enviada esta manhã aos investidores, os analistas do holandês Rabobank dizem que “Portugal tem estado a receber algum feedback negativo por parte da DBRS”. O aviso de quinta-feira “deverá continuar a pesar na dívida portuguesa até que a reavaliação seja concluída, a 21 de outubro, já que a DBRS é a única agência reconhecida pelo BCE que ainda atribui um rating de investimento de qualidade a Portugal”.