O diagnóstico
Árvores e espaços verdes
Foi em novembro de 2012, com a reorganização administrativa da cidade de Lisboa, que “gerir e assegurar a manutenção de espaços verdes” saltou da coluna das competências da câmara municipal para a das juntas de freguesia. Jardins grandes e pequenos, canteiros mais ou menos floridos, árvores, arbustos e relvados — tudo passou para as mãos das vinte e quatro autarquias que resultaram do reordenamento do mapa de freguesias que se fez nessa altura. A demora na transição de trabalhadores da câmara para as juntas e o relativo desconhecimento destas em relação ao tratamento adequado a dar aos espaços verdes originou situações inéditas e, no mínimo, caricatas.
Em maio de 2015 foi notícia a poda e o abate de dezenas de árvores na Avenida Guerra Junqueiro e na Praça de Londres. Meses mais tarde, abates no Jardim das Amoreiras e no Jardim do Alto de Santo Amaro geraram polémica semelhante. Os presidentes das juntas e outros responsáveis da câmara municipal sublinharam, em todas as intervenções, a necessidade dessas podas e abates, argumentando que as árvores constituíam perigo para pessoas e bens. Mas a situação atingiu tais proporções que o executivo liderado por Fernando Medina decidiu criar um Regulamento Municipal do Arvoredo, que definia regras claras para operações de poda e abate. Esse documento foi votado em câmara em maio do ano passado, chegou à assembleia municipal em dezembro e ainda não foi aprovado.
Vida noturna
Não há muitos casos em que se possa usar com propriedade a expressão “renascer das cinzas”. Foi exatamente isso que aconteceu com o Cais do Sodré. Em 2011, um incêndio afetou o prédio onde ficam as discotecas Jamaica, Tokyo e Europa — e foi dessa destruição que começou a reabilitação de uma zona até então votada a um relativo esquecimento. A Rua Nova do Carvalho ficou sem trânsito automóvel, passou a ser cor-de-rosa e tornou-se o ponto central de uma nova fase da vida noturna lisboeta. Hoje são milhares as pessoas que procuram aquela zona, principalmente às quintas, sextas e sábados à noite.
Não demorou muito, por isso, até que os moradores alertassem para os problemas e riscos associados aos bares, discotecas e seus frequentadores. Os habitantes do Cais do Sodré alegam que a situação está pior do que há anos, quando a zona tinha problemas de criminalidade e prostituição, devido ao excesso de ruído, lixo e desacatos hoje existentes. As queixas são idênticas em Santos e no Bairro Alto, outras áreas de diversão noturna da cidade.
Oferta cultural
Milhares de concertos, exposições, peças de teatro, exibições de cinema, bailados, leituras, visitas guiadas, performances e quejandos. A vida cultural lisboeta está cheia de opções e pôs a capital portuguesa em vários roteiros nacionais e internacionais. A recente abertura do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, a reformulação da área expositiva do Museu Nacional de Arte Antiga, a ampliação do Museu do Chiado, o anúncio de novos locais para as coleções Berardo e a reabilitação de espaços como o auditório da Fundação Gulbenkian prometem contribuir ainda mais para a melhoria da qualidade da oferta cultural da cidade.
As promessas (de 2013)
Árvores e espaços verdes
Criar um jardim na Praça de Espanha
Completar os corredores verdes Oriental, Oriental dos Olivais, Periférico e Ocidental
Começar o corredor verde do Vale de Alcântara
Aumentar o número de árvores nas ruas
No fim de setembro, nova polémica: o abate de duas enormes tipuanas no Saldanha motivou mais críticas e obrigou a autarquia a emitir um comunicado de imprensa a explicar que “o transplante de ambas seria completamente inviável”. E ainda esta sexta-feira, perante a anunciada intenção de abater mais trinta espécimes em Entrecampos, um grupo de lisboetas marcou um cordão humano de protesto para segunda-feira.
Nos últimos anos desapareceram dezenas de árvores de Lisboa, também por causa da praga que atingiu as palmeiras. O município promete que, quando acabadas as diversas intervenções em toda a cidade, Lisboa estará mais arborizada. Mas ainda não é possível tirar conclusões definitivas.
Oferta cultural
Transformação do Museu da Cidade no Museu de Lisboa
Obras nas bibliotecas municipais
Reabilitação do Parque Mayer
Criação de percurso temático dos Descobrimentos entre o Campo das Cebolas e Belém
Criação de um Museu das Descobertas
Vida noturna (estas medidas não constavam do programa do executivo de 2013)
Novo regulamento de horários para restaurantes, bares e discotecas
Horários diferenciados para bares e discotecas no Cais do Sodré, Santos e Bica
O que dizem os lisboetas
[jwplatform bXlvdYpZ]