A Polícia Judiciária (PJ) informou, esta quarta-feira, que, além de ter detido o fugitivo Pedro Dias, constituiu como arguida uma mulher de 61 anos por suspeitas de “favorecimento pessoal” ao fugitivo. A detenção de Pedro Dias ocorreu na terça-feira à noite, em Arouca, e foi filmada em direto pela RTP, a pedido do mesmo.

Sobre esta mulher “recaem fundadas suspeitas de favorecimento pessoal ao ora detido, em diferentes momentos subsequentes ao início de todo o iter criminis que lhe é imputado”, explica a PJ. E segundo o jornal i trata-se de Fátima Reimão, uma amiga da família que terá albergado Pedro Dias quando este regressou de Vila Real, numa casa ao lado da da avó do suspeito.

Em comunicado, a PJ revela que Pedro Dias é presumivelmente “autor de cinco crimes de homicídio qualificado, três dos quais na forma tentada, dois crimes de sequestro, pelo menos dois crimes de roubo e um crime de furto”. A autoridade judiciária admite que possam existir ainda outros crimes, ocorridos desde o dia 11 de outubro e o dia 8 de novembro, nas localidades de Aguiar da Beira, Arouca e Vila Real, mas que carecem de “melhor e mais cuidada averiguação”.

Ao longo de aproximadamente quatro semanas de investigação, em estreita colaboração operacional com a GNR, foi possível reconstruir parte substancial do itinerário de fuga empreendido pelo ora detido e recolher relevantes elementos indiciários relativos à vasta atividade delituosa que lhe é imputada”, lê-se no comunicado.

A CMTV conta que elementos da PJ estiveram esta manhã em Arouca a fazer buscas na casa onde Pedro Dias se entregou e também na da avó, mesmo ao lado. O i escreve que os investigadores já estavam a vigiar o local e que os mesmos desconfiam que a advogada de Pedro Dias só informou que o fugitivo se iria entregar à noite para evitar buscas ao local.

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Pedro Dias, 44 anos, que foi perseguido, desde o dia 11 de outubro, pela alegada morte de um militar da GNR e de um civil, em Aguiar da Beira, vai ser presente às autoridades para “primeiro interrogatório judicial e consequente submissão a adequadas medidas de coação”.

Fugitivo de Aguiar da Beira recusa ter cometido qualquer crime e diz que fugiu por medo de ser morto

Na terça-feira à noite, em entrevista à RTP — que será passada na íntegra no programa “Sexta às 9h” –, Pedro Dias garantiu estar inocente e disse que “não matou nem sequestrou ninguém”, justificando a fuga por se estar a sentir “perseguido de morte”. O suspeito disse que se entregou porque temia pela sua segurança e acusou os agentes da GNR de terem disparado “tiros ao ar” e a “qualquer moita” onde imaginassem que ele estivesse. “Chegaram a atirar a um metro de onde estava”, assegurou.

Pedro Dias acrescentou ainda que, “desde o primeiro dia, tentou entregar-se às autoridades, mas nunca lhe permitiram” e assegura que está a “cumprir as suas obrigações de cidadão, que é esclarecer tudo o que se passou”.

Sem explicar em pormenor o que se passou no dia 11 de outubro, Pedro Dias apenas terá contado que, quando naquele dia se dirigia para casa dos pais em Arouca, terá “recebido uma chamada” de “uma militar da GNR” que o avisou que “ia ser morto”. E disse que foi na sequência dessa chamada que iniciou a fuga de quase um mês, tendo-se transformado no homem mais procurado de Portugal. Durante esse período, Pedro Dias terá garantido à jornalista da RTP que sobreviveu com 60 euros, atravessou “o rio Douro a nado”, viveu “em casas abandonadas”, tomou “banhos em rios” e dormiu “na floresta”.