A ‘rapper’ Capicua prepara um concerto para 2 de dezembro, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, no qual traçará uma diagonal pela discografia hip hop, mas agora acompanhada, pela primeira vez, de uma banda.
“A ideia foi pegar na minha discografia, desde a primeira ‘mixtape’, escolher as músicas que eu acho que são mais importantes e que resistiram melhor ao tempo, e tocá-las, honrando os ‘beats’ que estiveram na origem, mantendo a identidade hip hop”, contou à agência Lusa.
Em palco, no Grande Auditório do CCB, Capicua terá bateria, guitarra, teclados, mas também a habitual participação vocal de M7 e do músico Nerve como convidado; um formato alargado, mais próximo do universo pop rock, e com novos arranjos para músicas antigas.
Com vontade de avançar em 2017 para um novo disco, Capicua quis agora “fechar um ciclo dos últimos anos e pegar nas duas ‘mixtapes’, dois álbuns e um álbum de remisturas, fazer um grande concerto assim, para celebrar o repertório e experimentar este formato”.
Capicua, ou melhor Ana Matos Fernandes, nasceu no Porto nos anos 1980, descobriu o hip hop na adolescência e editou o primeiro registo em nome próprio já no novo século, com “Capicua Goes Preemo Mixtape” (2008).
Passados oito anos, a ‘rapper’ é um dos nomes femininos mais conhecidos do hip hop nacional e orgulha-se de ter conseguido levar rimas e batidas a públicos de diferentes idades e de interesses distintos.
“Eu tenho feito questão de tocar o formato hip hop mais clássico, para dar a conhecer às pessoas e para destruir um certo preconceito que existe ainda em relação ao formato só com DJ e ‘beats’. Quis manter a diversidade de públicos e manter a raiz hip hop e, ao mesmo tempo, fazer uma festa com mais músicos e novos arranjos”, contou.
O concerto no CCB fecha ainda um ano “bastante produtivo” para Capicua, por ter dado vários concertos com o álbum “Sereia louca” (2014) e com o disco de remisturas “Medusa” (2015), por ter feito colaborações diversas e por ter gravado o álbum-livro para crianças “Mão Verde”, com o guitarrista Pedro Geraldes, que apresentará ao vivo em 2017.
O processo criativo em torno do concerto em Lisboa, com novos arranjos e a dinâmica de uma banda, poderá contaminar o trabalho para um novo álbum: “Cada vez que temos uma experiência nova aprendemos sempre uns truques novos. Nem que seja por isso, o próximo álbum terá sempre alguma novidade”.
“Mas gosto sempre, quando estou a escrever, de voltar à génese e de pegar num ‘beat’, a sementinha clássica de um rap, que começa sempre nos ‘beats’, que é matéria prima. Vou voltar sempre a essa casa de partida; esse é sempre o começo do meu processo criativo”, explicou.
O concerto de Capicua no CCB encerra o ciclo CCBeat deste ano, que contou com atuações, entre outros, de Orelha Negra, Benjamim, X-Wife, First Breath After Coma e Minta & The Brook Trout.
O ciclo CCBeat de 2017 arrancará com um concerto de You Can’t Win Charlien Brown, a 19 de janeiro.