A UNICEF recebeu o relato de um médico de Aleppo que dá conta de “várias crianças, possivelmente mais de 100, sozinhas ou separadas das suas famílias, que estão presas num edifício que está sob forte ataque” na zona Este daquela cidade que pode estar a poucos dias de passar para o controlo do exército do regime de Bashar Al-Assad.

Em comunicado, a agência das Nações Unidas para defesa dos direitos das crianças diz que “todas as partes do conflito devem permitir a saída de forma segura e imediata de todas as crianças”. “As crianças sozinhas ou separadas [das suas famílias] têm o direito de serem registadas por uma organização humanitária neutra e de reencontrarem as suas famílias, estejam elas onde estiverem”, lê-se naquele texto.

Também nesta terça-feira, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) garantiu que tem “relatos credíveis de vários civis a serem mortos, tanto por bombardeamentos intensos ou por execução sumária de forças pró-governamentais”. Os números apontados são de 82 execuções, entre estas 11 mulheres e 13 crianças.

O ACNUDH diz ainda que “as forças do Governo e os seus aliados estão, de acordo com relatos, a entrar em casas de civis e a matar pessoas” e assegura que “os milhares de pessoas que continuam as áreas sob o controlo de grupos armados estão sob risco de violações graves, incluindo detenções, tortura e execuções”.

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Lynn Maalouf, a vice-diretora da Amnistia Internacional em Beirute, no Líbano, diz que estes relatos “são profundamente chocantes mas não são inesperados tendo em conta a conduta das forças do Governo da Síria até hoje”, acrescentando que as execuções sem julgamento prévio representam “crimes de guerra”.

Exército da Síria diz que acusações “não são credíveis”

Em declarações à BBC, um porta-voz do exército oficial da Síria disse que estas acusações “não são credíveis”. Da parte da Rússia, a acusação é devolvida aos grupos rebeldes, dizendo que os crimes denunciados “estão na verdade a ser cometidos por grupos terroristas”.

Numa visita oficial à Sérvia, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, disse que Moscovo “está farta de ouvir as queixas dos nossos colegas americanos na atual administração a dizer que temos de suspender as nossas ações militares”.

No dia 6 de dezembro, o Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde os EUA e a Rússia têm assento permanente, não conseguiu chegar a acordo para um cessar-fogo em Aleppo. A resolução foi chumbada com os votos contra da Rússia e da China.

Na segunda-feira, o diretor dos esforços de ajuda humanitária na Síria das Nações Unidas, Jan Egeland, apontou o dedo ao regime de Damasco e a Moscovo: “Os Governos da Síria e da Rússia são responsáveis por todas e quaisquer atrocidades que as milícias vitoriosas em Aleppo estão a cometer agora”.