Se até há pouco mais de três décadas limpar o rosto era sinónimo de sabão azul e branco, água de rosas e do então famoso sabonete Lux, podemos agradecer por, atualmente, vivermos na época das inovações. Hoje em dia temos espumas, óleos, desmaquilhantes, tónicos, produtos em gel, loções e, desde há alguns anos, águas micelares.

A Bioderma foi a primeira marca em Portugal a apostar neste tipo de produto que ajuda a combater um dos grandes problemas da beleza: a pouca limpeza de pele. Seguiram-se-lhe outras marcas — Garnier, L’Oréal Paris, Vichy, La Roche-Posay, Nivea, Lancôme, Guerlain — o que fez com que esta forma de desmaquilhante deixasse de ser um produto de nicho e chegasse ao grande consumidor. As águas micelares revolucionaram a limpeza de rosto ao simplificarem esta rotina mas ainda geram muitas dúvidas.

O Observador falou com Carla Correia, farmacêutica dos laboratórios Bioderma em Portugal, para perceber de que forma prática se podem incluir estes produtos no dia-a-dia.

O que é, afinal, a água micelar?

Explicando de forma simples, falamos de um produto de limpeza constituído por micelas que, por sua vez, lhe conferem capacidade de limpeza e ação desmaquilhante. As micelas são moléculas com afinidade tanto para água como sebo e maquilhagem, o que dota estes produtos de uma excelente capacidade de limpeza.

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Qual a principal diferença entre uma água micelar e um desmaquilhante?

As micelas são moléculas muito semelhantes aos fosfolípidos das nossas membranas celulares, o que ajuda a reconstruir naturalmente o filme hidrolipídico da pele. Assim, além da sua capacidade de limpeza (as micelas atuam quase como um íman, puxando a sujidade), as águas micelares têm respeito pela pele e garantem uma elevada tolerância e conforto.

No dia a dia, uma rotina de limpeza exemplar obriga a três passos:

  1. Lavagem com óleo desmaquilhante que retira todos os detritos à base de óleo como a maquilhagem e o sebo;
  2. Espuma para retirar tudo o que sobra, nomeadamente os detritos à base de água como suor e sujidade;
  3. E tónico para repor o pH da pele que, com as etapas anteriores, pode ser comprometido.

Com as águas micelares pode-se passar a apenas um passo graças à sua afinidade dupla (para água e óleo) — estes produtos conseguem remover todo o tipo de impurezas independentemente da sua origem. E, para finalizar, também permitem manter o pH da pele. Daí a água micelar poder ser chamada de desmaquilhante das preguiçosas ou, de forma mais simpática, de desmaquilhante para quem não tem muito tempo ao final do dia.

É preciso, no fim, passar o rosto por água?

Com qualquer outro produto de limpeza, sim. Só o tónico, no final, não requer lavagem. Mas as águas micelares atuam de forma diferente: conseguem remover impurezas por adesão ao disco de algodão (o tal efeito íman). Não há, assim, necessidade de enxaguar após aplicação (a não ser que essa informação venha expressa na embalagem do produto).

Podem ser aplicadas nos olhos?

A grande maioria sim (mas convém ler os rótulos das embalagens). E ao contrário dos desmaquilhantes comuns, não há a necessidade de esfregar. Basta humedecer um disco de algodão e fazer uma leve pressão nos olhos. As micelas vão “puxar” a maquilhagem.

Quais os benefícios em geral para a nossa pele?

Além dos benefícios monetários e de tempo — ao invés de três produtos (óleo, espuma e tónico), pode usar apenas um –, as águas micelares acalmam, refrescam, respeitam a 100% a barreira cutânea e têm elevada tolerância, mesmo em peles sensíveis.

Na fotogaleria reunimos algumas águas micelares que existem à venda em Portugal, em farmácias, perfumarias e supermercados. Se ainda está agarrada ao tradicional desmaquilhante (e apostamos que não faz os três passos obrigatórios), este é o momento certo para simplificar a sua rotina de limpeza e, acima de tudo, torná-la eficaz . A sua pele vai agradecer.