A multinacional britânica Rolls-Royce chegou a acordo com investigadores de três países e vai pagar 671 milhões de libras, cerca de 762 milhões de euros, para evitar processos judiciais, depois de se ter visto envolvida num gigantesco escândalo de corrupção.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, o acordo é o culminar de cinco anos de uma investigação conjunta conduzida por autoridades do Reino Unido, Estados Unidos e Brasil sobre alegados subornos entregues por representantes da marca para assegurar os melhores contratos. Apesar do acordo agora alcançado, não está excluída a hipótese de virem a ser deduzidas acusações individuais contra altos quadros da empresa.
No ano passado, uma investigação jornalística conduzida pelo mesmo The Guardian e pela BBC identificou 12 países onde a multinacional, que, além de automóveis, produz também turbinas e motores para aviões comerciais e militares, conseguiu posições privilegiadas através de “agentes comerciais” ou consultores externos, que depois garantiriam os melhores contratos para a empresa nesses mercados através de subornos.
Alcançado o acordo, anunciado na segunda-feira, a Rolls-Royce terá agora de entregar mais de 564 milhões de euros às autoridades britânicas, 158 milhões aos Estados Unidos e 28 milhões ao Estado brasileiro.
A Rolls-Royce, que segundo o The Guardian, nunca admitiu qualquer responsabilidade própria no esquema de corrupção, lembrou que estes eram “acordos voluntários” e que resultam da “suspensão de um processo” que envolvia “subornos e corrupção” praticados por “intermediários em vários mercados estrangeiros”.
A organização sem fins lucrativos Corruption Watch, que se dedica a denunciar esquemas de corrupção e abusos de poder em todo mundo, já criticou o acordo, classificando como a “prova de que o Reino Unido não tem vontade de processar uma empresa grande e politicamente influente como a Rolls-Royce”.
A terminar, o The Guardian lembra ainda que a Rolls-Royce tem neste momento clientes em mais de 150 países, incluindo mais de 400 companhias aéreas e clientes de leasing. Segundo a investigação jornalística The Guardian-BBC, a multinacional britânica terá contratado agentes em países como Angola, Azerbaijão, Brasil, Índia, China, Indonésia, Irão, Iraque, Cazaquistão, Nigéria, Arábia Saudita e África do Sul.