A Galp Energia prevê investir até cinco mil milhões de euros até 2021, com o foco na produção de petróleo no Brasil e Angola. O plano estratégico da empresa, apresentado esta terça-feira em Londres, aponta para um investimento médio de 800 mil a um milhão de euros por ano. Este valor representa uma redução de 20%, face aos valores médios anuais investidos nos últimos cinco anos. Já em 2016, a empresa anunciou um corte no valor dos investimentos médios anuais de 15%, num contexto de quebra do preço do petróleo.

Esta nova redução no valor a investir é explicada pela empresa com ganhos de eficiência na área da exploração e produção e a diminuição dos custos de execução nos projetos do Brasil. Apesar do corte anunciado para os próximos cinco anos, o investimento anunciado apenas para este ano deverá situar-se entre mil e 1,2 mil milhões de euros.

A empresa estima chegar a 2021 com 16 unidades de produção no Brasil e em Angola, o que corresponde à duplicação das unidades atualmente em operação. A Galp espera aumentar a produção de petróleo e gás entre 15% e 20% por ano.

Já em Moçambique, a Galp e os seus parceiros ainda não avançam com uma data para o arranque da produção de gás natural ou um número para o investimento, reafirmando o empenho em “dar início ao projeto”, para o qual se prevê a instalação de uma unidade flutuante de gás natural liquefeito. O plano prevê o desenvolvimento dos projetos Coral e Mamba a partir de 2021.

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“Vamos explorar novos negócios e oportunidades com parceiros para promover a sustentabilidade de longo prazo da Galp”, sublinhou o presidente executivo da Galp, perante uma plateia de investidores e analistas. Carlos Gomes da Silva acredita que as perspetivas do preço não vão permanecer baixas para sempre.

A empresa anunciou ainda a estabilidade da política de dividendos que irá ter por base os 50 cêntimos por ação. No entanto, este valor será ajustado a partir de 2017 em função das necessidades de investimento e do retorno obtido com os projetos. A Galp espera obter um retorno positivo (free cash flow) dos investimentos a partir de 2018, tendo por base uma cotação média de petróleo de 55 dólares por barril.

Galp quer diversificar para soluções de energia de baixo carbono

Apesar de focado nas operações tradicionais da Galo, o plano de investimentos agora apresentado contempla ainda iniciativas para uma economia de baixo carbono.

“Temos pensado nisso nos últimos meses”. A Galp construiu vários cenários de mudanças de tecnologia e regulamentares que podem obrigar a um ajustamento da estratégia. Em todos os cenários, o gás e o petróleo vão manter o seu papel apesar do crescimento das energias renováveis na energia primária. A procura só vai continuar a crescer nos países onde a economia está em desenvolvimento. A eletrificação e a produção descentralizada são outras tendências.

A Galp está a ajustar o posicionamento estratégico a este cenário, diz Gomes da Silva. A aposta na exploração de combustíveis fosseis vai continuar a ser atividade principal, mas a empresa quer desenvolver soluções de energia de baixo carbono.

Lucros caíram 24% com perdas reconhecidas em Angola e no Brasil

A petrolífera anunciou esta terça-feira uma queda de 24% nos resultados anuais que se fixaram em 483 milhões de euros. Esta queda é explicada pela empresa por efeitos não recorrentes (extraordinários) de 324 milhões de euros, que incluem os custos assumidos com imparidades em Angola, relacionadas com a desativação do Bloco 14, e com a transferência de contratos para a construção de plataformas de águas profundas no Brasil.

Os resultados de 2016 foram ainda penalizados pela contribuição extraordinária sobre os ativos de energia (CESE) cujo impacto foi de 56 milhões de euros. A Galp reafirma que “as disposições legislativas respeitantes à CESE são violadoras da lei, não sendo os montantes em causa exigíveis” e mantém a contestação em tribunal.

A jornalista viajou para Londres a convite da Galp