Começou como um escândalo nos Marines norte-americanos, mas a Business Insider diz que há militares de outros ramos das Forças Armadas envolvidos na divulgação de “centenas” fotografias de colegas nuas que passou do Facebook para um serviço anónimo de partilha de imagens na Internet. A Marinha já a abriu uma investigação e o Pentágono classifica o comportamento dos militares “inconsistente” com os seus valores.

O escândalo foi revelado há uma semana. Mas nesse momento pensava-se que o caso estaria circunscrito a algumas centenas de Marines com acesso a um grupo secreto no Facebook onde vinham sendo partilhadas imagens de militares fotografadas à revelia em bikini ou nuas.

Mas é mais que isso. Só a página de Facebook em questão (Marines United, de acesso restrito e que entretanto foi encerrada) tem cerca de 30 mil membros inscritos. Além disso, a troca de fotos extravasou os grupos secretos da rede social. Em determinadas páginas de conversação do site Anon-IB, a que a BBC teve acesso, há pedidos de partilha de imagens que começam em maio de 2016 e que vão até março de 2017 — as trocas ocorreram durante um ano, pelo menos.

A BBC conta que os militares começavam por roubar as imagens partilhadas pelas próprias colegas nos seus perfis nas redes sociais. Pegavam nessas fotos e publicavam-nas no site, perguntando se algum dos militares que por ali passava teria “wins” daqueles colegas (a expressão, “vitória”, era usada para se referirem a fotografias em que as colegas surgissem sem roupa).

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Na resposta, os militares que estivessem integrados na mesma base que a visada ou que se tivessem cruzado com as mesmas durante a carreira militar começavam a partilhar mais imagens. As trocas de mensagens e fotografias chegam às centenas.

Exemplo de uma das conversas que a BBC consultou no site de partilha anónima de imagens.

Além das fotografias, os militares apresentavam dados pessoais das colegas visadas nas conversas: nomes, bases em que estavam estacionadas, por vezes informações sobre relacionamentos pessoais em que estavam envolvidas e que tinham chegado ao fim. “Talvez o namorado dela envie algumas [fotos]”, sugere-se num dos comentários.

“Quando ouço alegações de que há marines a denegrir os seus camaradas penso que esse não é o comportamento digno de verdadeiros guerreiros ou de combatentes de guerra”, desabafou o general Robert Neller, responsável máximo deste corpo de elite norte-americano. É uma “vergonha”, diz. A revelação também provocou ondas de choque no Senado. A senadora Kirsten Gillibrand quer que o comité que acompanha as questões militares promova uma comissão que investigue a partilha de fotos.

E, entretanto, algumas das mulheres vítimas deste caso começaram a falar. “Como veterana do corpo de Marines, estou destroçada e indisposta com este escândalo”, disse Erika Butner, ela que esteve durante quatro anos naquela força especial e foi confrontada com a publicação de imagens suas. “A culpabilização das vítimas e o argumento de que são ‘rapazes a ser rapazes’ têm de acabar”, defendeu a militar.