A Península Ibérica teria há 150 milhões de anos uma diversidade de dinossauros saurópodes maior do que outros continentes pelas diferenças encontradas nos dentes desses animais, conclui um estudo liderado por portugueses, a que a Lusa teve hoje acesso.

“Este trabalho permitiu concluir que a diversidade morfológica dos dentes de saurópodes [dinossauros de pescoço e cauda compridos] no Jurássico Superior de Portugal é maior que a conhecida para as faunas amplamente conhecidas do Jurássico Superior da América do Norte e de África”, afirmou à agência Lusa o paleontólogo português Pedro Mocho, que liderou a investigação.

O estudo, publicado na semana passada na revista científica “Papers in Palaeontology”, explica que, embora o número de espécies de saurópodes do Jurássico Superior de Portugal fosse inferior ao norte-americano, os grupos de saurópodes seriam “tão diversos” como os outros. Os investigadores portugueses Pedro Mocho e Elisabete Malafaia e os espanhóis Rafael Royo-Torres, Fernando Escaso e Francisco Ortega, autores do artigo, identificaram dentes diferentes em espécies de saurópodes de pelo menos quatro grupos diferentes – turiassauros, diplodocóides, camarassaurídeos, e braquiossaurídeos.

“Esta variabilidade poderia estar relacionada com o facto de a morfologia dos dentes variar com a respetiva posição do dente na boca de um mesmo animal ou também pela presença de diferentes espécies”, apontam. Os cientistas encontram também explicações no facto de os ambientes na Península ibérica durante o Jurássico Superior serem “mais húmidos, promovendo uma maior diversidade nas faunas, do que de aquela que se verifica no oeste dos Estados Unidos da América, onde os ambientes seriam semiáridos, do tipo savana”. Nesta investigação, foram estudados e comparados mais de 60 dentes de saurópodes descobertos não só em Portugal, como também em Espanha, Estados Unidos da América e África.

O trabalho incidiu sobretudo no estudo de uma coleção da Sociedade de História Natural de Torres Vedras, em parte adquirida há vários anos por aquele município a um particular e que inclui dezenas de dentes. O estudo foi liderado por Pedro Mocho, atualmente investigador no Natural History Museum of Los Angeles County, nos Estados Unidos da América, com a colaboração do Grupo de Biología Evolutiva-UNED (Espanha), Sociedade de História Natural de Torres Vedras (Portugal), Instituto Don Luiz (Portugal), FCPTDinópolis (Espanha) e Museu Nacional de História Natural e da Ciência (Portugal).

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