A Ordem dos Médicos (OM) considera um mau princípio que os hospitais estejam, por regra, obrigados a autorizar a permanência dos pais no bloco operatório durante os partes por cesariana.

A notícia é avançada pelo jornal Público, que faz eco do parecer publicado pelo colégio da especialidade de Anestesiologia da Ordem dos Médicos (OM) na última edição revista da Ordem. O anterior e atual bastonários também apontam fragilidades ao despacho assinado pelo secretário adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, publicado no verão passado, dando três meses aos hospitais públicos para que criassem condições para que os pais, “ou outra pessoa significativa” pudessem assistir a estas cirurgias.

Ora, de acordo com o parecer citado pelo mesmo jornal, o colégio da especialidade de Anestesiologia da Ordem dos Médicos considera que não “é apropriada a presença daquele utente em ambiente de sala operatória”. O bloco operatório é “um espaço de uma elevada especificidade, técnica e logística, que não se coaduna” com a presença de pessoas “estranhas àquela atividade”, argumentam ainda os representantes dos anestesistas.

No despacho assinado por Fernando Araújo, que autoriza a permanência dos pais no bloco durante a cesariana, salvaguardam-se os casos de situações clínicas graves. Ainda assim, para Miguel Guimarães, atual bastonário da Ordem dos Médicos, “estão criadas as condições para que um pai possa estar presente em qualquer operação”. “Uma coisa é os pais pedirem para assistir, e na maior parte dos casos os médicos aceitam, outra coisa é isto ser imposto desta forma”, defende o responsável.

Também o anterior bastonário, José Manuel Silva, citado pelo Público, levanta algumas reservas em relação à decisão do Governo socialista. “Há questões que não foram devidamente avaliadas, legislou-se de uma forma superficial”, sugere.

O Ministério da Saúde lembra, por sua vez, que pediu na altura um parecer à Ordem dos Médicos que foi “genericamente favorável, desde que os hospitais cumprissem os requisitos de espaço físico e de segurança”. O mesmo Público lembra, a propósito, que a presença dos pais durante partos por cesariana é já há muito uma prática comum nos hospitais privados.

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