O Governo espanhol classificou este sábado o desarmamento que a ETA está a levar a cabo como uma operação mediática “para dissimular a sua derrota” e “tentar obter ganhos políticos com a mesma”.
O executivo espanhol sublinha, em comunicado à imprensa, que se recusa a fazer qualquer avaliação sobre o armamento entregue pela organização separatista basca nem sobre a sua integridade, até ao momento em que esse armamento seja analisado pelas autoridades e pela justiça francesas.
“Os terroristas não podem esperar nenhum trato de favor do Governo e muito menos impunidade pelos seus delitos”, declara Madrid.
O Governo espanhol assinala que a ETA “está operativamente derrotada, sem futuro e com os seus dirigentes na prisão” e que a sua “única resposta lógica a esta situação é anunciar a sua dissolução definitiva, pedir perdão às suas vítimas e desaparecer, em vez de montar operações mediáticas para dissimular a sua derrota e tentar obter ganhos políticos com a mesma”.
Madrid assegura que “continuará a velar pelo cumprimento da lei e a segurança dos cidadãos”, assim como pelo “respeito e homenagem” às vítimas do terrorismo, cujo testemunho foi “fundamental para a derrota do grupo terrorista”.
A ETA anunciou em 17 de março que iria proceder hoje ao seu desarmamento “total e sem condições”.
A organização separatista basca entregou à polícia francesa esta manhã as referências de geolocalização de oito depósitos secretos de armas que estão todos situados no departamento 64 de França, nos Pirenéus Atlânticos.
O Governo francês considerou que a entrega “unilateral” da localização de oito depósitos de armas por parte da ETA é “um grande passo”.
A organização foi criada em 1959, durante a época da ditadura franquista, renunciou à luta armada em 2011, depois de mais de 40 anos de atos de violência em nome da independência do País Basco e de Navarra.
A ETA, organização considerada “terrorista” pela União Europeia, recusava até agora o seu desarmamento e a sua dissolução, pedidas por Madrid e Paris, exigindo o início de negociações para libertar os seus membros presos (cerca de 360, dos quais 75 em França).