As negociações relativas ao Orçamento do Estado para 2018 já agitam a política portuguesa. Esta terça-feira, na SIC Notícias, Catarina Martins elegeu como prioridade para o próximo Orçamento um alívio fiscal de 600 milhões de euros no IRS, o triplo do valor inscrito pelo Governo no Programa de Estabilidade.

No programa “10 Minutos”, a coordenadora bloquista sugeriu mesmo que este alívio fiscal pode e deve ser repetido no Orçamento do Estado para 2019. “Achamos que é preciso uma despesa fiscal em criação de escalões próxima dos 600 milhões de euros, no mínimo, para este Orçamento, outro tanto no próximo, para podermos desfazer aquilo que foi a enorme injustiça criada por Vítor Gaspar”, notou Catarina Martins.

Na prática, explicou a coordenadora do Bloco, o partido quer rever o primeiro e segundo escalões do IRS, com rendimentos que vão “até aos 20.000 euros brutos por ano”. Desafiada a adiantar detalhes sobre o número de escalões a serem criados, Catarina Martins respondeu apenas que “depende da forma como são feitos esses escalões, onde é que eles ficam”.

Depois de o PCP já ter dito que não quer fechar a discussão do Orçamento do Estado antes do calendário previsto, a coordenadora do Bloco admitiu que está disposta a negociar já com os socialistas “os grandes números e grandes opções” do documento estratégicas.

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Números de crescimento económico são “objetivamente um bom resultado”, mas…

Nessa mesma entrevista, Catarina Martins reconhece que os números de crescimento económico alcançados pelo Governo de António Costa são “objetivamente um bom resultado”. Ainda assim, a coordenadora do Bloco de Esquerda deixa alguns avisos à navegação socialista: é preciso tomar opções e decidir como se canalizam estes resultados para o reforço do Estado Social.

A bloquista fez questão de lembrar que resultados como os agora alcançados trazem “responsabilidades” acrescidas. “Há ainda salários e pensões demasiado baixos. Não podemos deixar que o crescimento económico seja apropriado por grandes empresas”, afirmou Catarina Martins.

Confrontada com a falta de investimento público em setores estratégicos como a Saúde e a Educação e com as cativações que o Governo socialista foi mantendo para cumprir as metas do défice, a bloquista acabou por reconhecer que é preciso fazer mais. “Não queremos um Orçamento com cortes destes à partida. Está no momento de voltar a ter um [nível de] investimento no Estado Social anterior à crise”, reiterou a coordenadora do Bloco.

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