O cofundador da Altice Armando Pereira atribuiu, esta quinta-feira, a acusação da Comissão Europeia a “um email” trocado com a PT Portugal, considerando “normal” que haja contactos antes da autorização de Bruxelas à compra para “ganhar tempo”.

A Comissão Europeia informou esta quinta-feira que a Altice violou as regras da União Europeia ao concretizar a compra da PT Portugal antes da autorização de Bruxelas, o que poderá custar à multinacional uma multa até 10% do volume de negócios mundial anual.

“A gente sabe que seja os governos dos países, seja a Comissão Europeia, eles não perdoam nada disso”, referiu aos jornalistas Armando Pereira, em Vieira do Minho, após ter sido conhecida a posição de Bruxelas.

À margem da inauguração de uma exposição da Fundação Portugal Telecom, Armando Pereira explicou que a alegada violação das regras “tem apenas a ver com um email” trocado entre as duas partes.

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“Já estávamos a trabalhar com eles, é normal que haja contactos, é sempre assim”, considerou, adiantando que esse email foi enviado a um dos diretores da PT, dando conta que, a partir daquele momento, iria fazer “certas coisas”, para “ganhar tempo”.

Aos jornalistas, o responsável da Altice admitiu que o grupo francês tenha mesmo que pagar uma multa, mas inferior aos 10% do volume de negócios mundial do grupo: “Isso [10%] é o que se diz hoje, mas amanhã já não tem nada a ver com isso. Vai haver alguma coisa, mas muito menos”.

O executivo comunitário anunciou esta quinta-feira que enviou uma “comunicação de objeções” ao considerar, a título preliminar, que “a Altice concretizou efetivamente a compra (da PT Portugal, em 2015) antes da adoção da decisão de autorização da Comissão e, em certos casos, antes mesmo da notificação”, o que, sublinha Bruxelas, “constitui uma infração muito grave”.

Bruxelas aponta que está em curso uma investigação e “se a Comissão vier a concluir que a Altice concretizou a operação antes da sua notificação ou antes da adoção da decisão de autorização, poderá impor uma multa até 10% do volume de negócios mundial” do grupo Altice.

A Altice, dona da PT Portugal, afirmou esta quinta-feira discordar das conclusões preliminares feitas pela Comissão Europeia que apontam para que o grupo francês tenha violado as regras comunitárias ao concretizar a compra do grupo de telecomunicações português.

“A Altice não concorda com as conclusões preliminares da Comissão Europeia e irá apresentar uma resposta completa a contestar todas as objeções. O envio de uma comunicação de objeções não prejudica o resultado final da investigação”, refere a Altice em comunicado.

O grupo francês diz ainda que o processo de investigação “não afeta a aprovação concedida pela Comissão Europeia para a aquisição da PT Portugal pela Altice”.