Mais um tiro disparado contra o porta-aviões de Pedro Passos Coelho. No segundo e último dia das jornadas parlamentares do PS, em Bragança, Carlos César, líder parlamentar socialista, acusou o líder do PSD de ter ficado preso ao passado e de ter apostado “todas as fichas no insucesso do Governo”, falhando redondamente. “Agora, dizem os seus [de Passos] conselheiros de imagem e analistas de feição, que vai tentar mudar de discurso. Mude ou não, chega tarde, porque Portugal já mudou e mudou para melhor”, afirmou o socialista.
Num discurso longo, onde fez um relato detalhado dos sucessos alcançados pelo Governo socialista, Carlos César foi pincelando a sua intervenção com críticas a PSD e CDS. “A direita tem imensa graça: como temos bons resultados, anda a dizer que o crescimento da economia este ano é por causa do governo anterior, mas já vai prevenindo que é só um trimestre e que se noutro assim não acontecer já é culpa do governo atual”, sustentou César.
Estava definido o tom e César voltaria ao ataque. “A mesma direita que vilipendiou o que apelidou de ‘governo das reversões’, que acusou o governo de fazer ‘tábua rasa do passado’, que vaticinou o caos, o descontrolo orçamental, os novos resgates, o desemprego, o crescimento negativo e a quebra de investimento, que anunciou a vinda do Diabo — é essa mesma direita que agora reclama ser parte dos sucessos do rumo que esconjurou, das mudanças que combateu e das políticas que condenou”.
PS quer revisão dos escalões do IRS e também aumentos salariais
O presidente e líder parlamentar do PS tinha reservado ainda um discurso para consumo interno. Mesmo celebrando todos os os feitos alcançados pelo Governo socialista, Carlos César lembrou que ainda existe muito por fazer. Mais: que é preciso fazê-lo com “todo o cuidado”.
“Não nos podemos esquecer, apesar dos bons resultados da governação do PS, que vivemos num país com uma muitas desigualdades e com cerca de 2 milhões e 600 mil pessoas em risco de pobreza ou exclusão social, atingindo 487 mil crianças e 468 mil idosos”, lembrou o socialista.
A terminar, Carlos César deixou um caderno de encargos para António Costa: os bons indicadores económicos e a saída expectável do país do Procedimento por Défice Excessivo têm de ser encarados como uma janela de oportunidade para relançar o Estado Social, diminuir a carga fiscal e continuar a devolver rendimentos aos portugueses.
“[É preciso] alocar mais recurso e gerir com inteligência o investimento público na sequência da saída do Procedimento por Défice Excessivo, aproveitando também os fundos europeus, manter a trajetória das contas públicas e a reputação da gestão orçamental, aliviar no possível o excesso da carga fiscal sobre as pessoas e as famílias, intervindo inclusive nos escalões do IRS, continuar a melhorar rendimentos também pela via direta remuneratória e pelas prestações sociais, melhorar o SNS, diminuir as desigualdades e apostar em todas as dimensões de modernização”, rematou Carlos César.