Mais de uma centena de pessoas esteve esta terça-feira em Vila Facaia, no concelho de Pedrógão Grande, para os funerais de Sara Costa, 35 anos, e de Alzira Costa, 71 anos. As duas eram moradoras daquela pequena freguesia, a mais afetada pelo incêndio desta semana — só ali morreram mais de 30 pessoas. As duas acabariam por morrer durante o incêndio na noite de sábado para domingo.

A uma celebração que se estendeu por mais de 45 minutos — presidida por um outro padre que não o padre Júlio, que na mesma tarde tinha outros seis funerais em Sarzedas de São Pedro — seguiu-se um cortejo emotivo entre a igreja paroquial e o cemitério, a cerca de 500 metros do centro da aldeia.

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As duas carrinhas funerárias cinzentas claras seguiam à cabeça do cortejo. Primeiro, a que transportava a urna de Sara, que era seguida de perto por um conjunto de motards, colegas do marido da jovem, que transportaram o caixão em ombros nos últimos metros do cortejo. Logo atrás, a segunda carrinha, com a urna de Alzira. Atrás, toda a população de Vila Facaia e de aldeias vizinhas, que quiseram prestar a última homenagem àquelas duas filhas da terra.

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A emoção era visível no rosto dos moradores de Vila Facaia, que encheram o cemitério e se acumularam em torno das duas carrinhas funerárias. À entrada do espaço, parecia não haver quem não tivesse conhecido bem Sara e Alzira. Muitos dos que preferiram não estar junto da sepultura recordavam a vida das duas mulheres no exterior do cemitério.

Mas não será a última vez que aquela povoação se desloca ao cemitério. Segundo confirmou o Observador no local, esta quarta-feira deverão realizar-se pelo menos mais quatro funerais. E nas próximas semanas os funerais deverão ser diários no cemitério de Vila Facaia, explicou o proprietário da agência funerária da freguesia.

No final do enterro, alguns dos habitantes de Vila Facaia aproximavam-se dos responsáveis da agência funerária, na esperança de obter informações sobre os seus familiares desaparecidos e ainda não identificados entre os mortos. Outros, na tentativa de saber quando poderão velar os seus familiares, perguntavam por novidades no Instituto de Medicina Legal, em Coimbra. A resposta era sempre a mesma: “Vamos fazer o funeral assim que for possível”.

Tal como noticiado pelo Expresso, em reportagem nos funerais de Sarzedas de São Pedro, também nos funerais de Vila Facaia o Governo português não esteve representado — mesmo estando estes dois funerais agendados desde segunda-feira, uma vez que Alzira e Sara não morreram carbonizadas e os seus corpos já tinham sido libertados.